Wall Street fixa-se nos resultados empresariais na falta de um segundo plano de estímulos

EUA
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A volatilidade vista no mercado americano nas últimas semanas como consequência da paralisação da aprovação de um segundo pacote de estímulos e, sobretudo, por Donald Trump estar infetado com coronavírus, pode ter um novo aliado com a publicação de resultados sobre o terceiro trimestre que tem lugar nos EUA – esta semana apresentam contas 638 empresas.

“Após uma queda de 31,6%, interanual, dos lucros do segundo trimestre, o mercado espera com impaciência os resultados do terceiro trimestre das empresas do S&P 500”, afirmam na equipa de investimentos do Bank Degroof Petercam. Ao fim e ao cabo, resultados melhores do que o esperado podem animar os investidores que, atualmente, ficaram sem o catalisador que um segundo plano de estímulos nos EUA podia representar para Wall Street.

Mas, que resultados se espera que sejam apresentados em Wall Street? Segundo os dados do consenso de analistas que recolhe a FactSet, viu-se uma melhoria na estimativa de resultados. “Durante o terceiro trimestre, os analistas aumentaram as estimativas de lucros das empresas do S&P 500 para o trimestre. A estimativa de lucro por ação (EPS - earnings per share) do terceiro trimestre aumentou 4,1% (de 31,78 dólares para 33,08 dólares ) de 30 de junho a 30 de setembro”, afirma este provedor.

O ponto mais positivo é que, segundo os seus dados, não é habitual que se veja uma melhoria na estimativa de EPS de um trimestre para o outro. “Durante os últimos 15 anos (60 trimestres), a diminuição média da estimativa ascendente de EPS durante um trimestre foi de 5,2%. Portanto, o normal é que os analistas tipicamente baixem as estimativas durante um trimestre, e para este terceiro trimestre de 2020 aumentaram-nas”. Fizeram-no sobretudo em setores como o consumo discricionário, energia, finanças e industrial, dos mais castigados pela crise do coronavírus.

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“Esta revisão positiva é a consequência de melhores resultados do que o esperado no segundo trimestre e de uma série de perspetivas positivas das próprias empresas. Segundo as previsões dos analistas, o S&P 500 poderá voltar a um crescimento positivo de lucros no primeiro trimestre de 2021”, afirmam no Bank Degroof Petercam. Se se cumprirem estas expectativas dos analistas, é previsível que os investidores reajam positivamente, já que além dos resultados em si, estas apresentações vão deixar antever o caminho e as estimativas que com as empresas vão enfrentar durante o resto do ano e, sobretudo, em 2021, o que, segundo explica Patrik Lang, responsável de ações e estratégia global da Julius Baer, “deverá oferecer um apoio ao mercado de ações durante as próximas semanas”.

Ao fim e ao cabo, após 2020, o que preocupa os investidores é se vai haver ou não uma certa recuperação em V dos lucros empresariais e, por isso, vão prestar especial atenção às estimativas das empresas. “Os investidores parecem estar a olhar para uma possível recuperação dos lucros corporativos globais em 2021, quando se espera que as empresas gerem um forte crescimento ano após anos”, afirmam na Loomis Sayles, gestora da Natixis IM.