Volatilidade vs fundos de ações americanas

américa, bandeira, trump, americano, estados unidos
Leading Line Photography, Flickr, Creative Commons

Acabou-se a complacência. Depois de muito tempo em que a volatilidade dos mercados tendia a baixar, o final de janeiro e início de fevereiro trouxeram um período mais coerente com o "normal" funcionamento dos mercados. Com muitas mais valias acumuladas, os investidores decidiram finalmente realizá-las aumentando agressivamente os níveis de volatilidade. Desde então, o S&P 500 atingiu mínimos relativos, na ordem dos 2.580 pontos, tendo rapidamente recuperado desde então para níveis acima dos 2.700.

Perante isto e considerando que para o investidor europeu a exposição em dólares acrescenta mais uma camada de complexidade à gestão, a questão que se levanta é: Dada a diversidade de ações que os mercados norte-americanos disponibilizam para investimento, e dadas as diferentes abordagens com que cada gestor investe no mercado, como têm sido os retornos dos fundos nacionais de ações norte-americanas perante esta mudança de paradigma?

Em qualquer dos períodos considerados, é o fundo da Caixagest, Caixagest Acções EUA que lidera a tabela dos mais rentáveis, embora seja também o fundo que, a médio e longo prazo, apresenta maior volatilidade. Com uma carteira relativamente concentrada  - 41 posições e uma concentração de 51% do património nas 10 maiores posições - este fundo aposta quase 10% do património no negócio da construção e comercialização de aeronaves, através da Boeing, um título que rendeu mais de 20% desde o início do ano. Outras empresas multinacionais de renome lideram a tabela a par com a Boeing, nomeadamente a Caterpillar, 3M e Apple, mas também empresas de maior enfoque na América do Norte como o UnitedHealth Group e a The Home Depot.

No entanto, nos dois primeiros meses do ano, foi o fundo BPI América (BPI GA) que melhor resiliência demonstrou. Este fundo apresenta uma carteira muito mais diversificada do que o anterior, não só em termos das posições diretas, mas também pela alocação (embora pequena) a um contrato de futuros sobre o S&P500. De destacar também  o recurso a futuros sobre o câmbio euro/dólar para efeitos de proteção cambial. Ao contrário do fundo da caixagest, a concentração de ativos nas 10 maiores posições é de apenas 22,53%.

Os restantes dois fundos da categoria apresentam abordagens completamente distintas ao mercado. Por um lado, o Santander Acções América, da Santander AM, agrega na sua carteira um conjunto de apenas 36 posições, em que três delas consistem em futuros e ETFs sobre o Dow Jones e o Russel 2000 – índice de small caps norte-americanas. As maiores posições de investimento direto são no banco JPMorgan Chase, no retalhista Walmart e ma multinacional de serviços petrolíferos integrados Exxon Mobil. Por outro, o IMGA Acções América, da IMGA, dispersa o património num conjunto de 119 posições, em que a maior convicção se vê refletida na Microsoft, Alphabet (Google) e JPMorgan Chase.

Fundo Categoria Morningstar Gestora Património Euros Retorno YTD Ret. 1 ano Ret. Anual. a 3 anos Ret. Anual. a 5 anos Desvio Padrão a 3 anos
BPI América D FIAA US Large-Cap Blend Equity BPI Gestão de Activos 22 287 646 2,17 1,47 4,53 11,23 14,53
Caixagest Acções EUA FIMAA US Large-Cap Growth Equity Caixagest 105 400 024 1,36 8,98 10,20 14,38 16,35
IMGA Acções América FIAA US Large-Cap Blend Equity IM Gestão Activos 7 293 914 0,57 1,06 4,26 10,38 12,62
Santander Acções América FIMA US Large-Cap Blend Equity Santander Asset Management 50 038 575 -1,52 -0,79 7,21 12,19 14,98

Fonte: Morningstar Direct, a 27 de fevereiro de 2017. Informação sobre as carteiras a 31 de janeiro, dados em euros.