Uma introdução ao investimento sistemático – Novas Alternativas (parte um)

Anthony GAM
cedida

(TRIBUNA de Anthony Lawer, co-head da GAM Systematic. Comentário patrocinado pela GAM)

Do nosso ponto de vista, o pensamento de investimento tradicional tornou-se obsoleto nos últimos anos. A construção de uma carteira costumava centrar-se em torno de dois pilares chave: ações e obrigações, que procuravam criar um equilíbrio entre maximizar o retorno e minimizar o risco em diversos ambientes de mercado, uma forma de diversificação simplista. Contudo, numa era em que a manipulação dos mercados de capitais pelos bancos centrais através do abrandamento quantitativo levou a que os preços de ações/obrigações e correlação aumentassem dramaticamente, bem como uma procura de uma melhor diversificação obrigando a uma revisão desta antiga ordem mundial. Os investidores institucionais têm sido os primeiros a adotar um terceiro elemento para a sua política  de distribuição de ativos – que não é conduzida pelo tradicional long beta (retornos direcionais, conduzidos pelos mercados), descrito em termos gerais como "alternativas"; e os investidores privados também estão a optar cada vez mais por adicionar estas estratégias não-tradicionais às suas carteiras. Como o universo de estratégias alternativas amadureceu, tem incluído cada vez mais abordagens sistemáticas.

Do mesmo modo, dentro das ações e obrigações apenas a longo prazo, aumentou o leque de opções relativamente à forma como um investimento é gerido. Se, antes, os investidores apenas podiam selecionar abordagens discricionárias ativas ou passivas, atualmente, no nosso ponto de vista, os investidores já podem considerar uma terceira abordagem – sistemática.

Então, o que é um investimento sistemático?

As estratégias de investimento sistemáticas, conduzidas por computador, já existem há décadas, mas chamaram pela primeira vez a atenção dos investidores mainstream no rescaldo da Crise Financeira Global (CFG). As estratégias sistemáticas demonstraram a sua capacidade de gerar retornos de investimento positivos, mesmo durante a CFG, ao explorar fortes movimentos de mercado direcionais através de uma gama de classes de ativos, com posicionamento de curto a longo prazo. Algumas dessas estratégias produziram retornos excecionais em 2008i, embora muitas abordagens tradicionais e alternativas discricionárias tenham caído, dando um claro exemplo das vantagens da diversificação.

Contudo, não é necessário nem útil pensar em programas sistemáticos como fontes únicas de "alpha", nem mesmo necessariamente numa forma superior de transação. O investimento sistemático é simplesmente uma forma rigorosa e "diferente" de identificar e aceder a retornos de investimento que ajudam a diversificar uma carteira, que podem ser mais eficazes e eficientes em termos de custos, e que têm o alcance de considerar mais dados do que as abordagens de investimento tradicionais. Relativamente a este último atributo, vale a pena ter em mente que um programa de computador (ou algoritmo) pode analisar milhares de títulos numa questão de segundos, enquanto um gestor discricionário irá considerar um universo muito mais pequeno na sua pesquisa por investimento. Como resultado disso, as abordagens sistemáticas oferecem muitas vezes um conjunto mais amplo de holdings de investimento que podem ajudar a oferecer resultados mais consistentes.

As estratégias sistemáticas (linha azul) podem oferecer uma fonte de diversificação potencialmente poderosa

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Fonte: Bloomberg. Período analisado de 31.12.1999 a 30.06.2018. Destaques a sombreado do período de Crise Financeira Global. O desempenho passado não é um indicador de desempenho futuro e atual ou de tendências futuras. Os índices não podem ser adquiridos diretamente.

As origens do investimento sistemático

Voltando atrás na história, os principais participantes na comercialização de contratos de derivados eram agricultores e suas contrapartes, que desejavam proteger-se contra movimentos adversos nos preços da produção agrícola, utilizando contratos de futuros que constituíam um acordo entre o comprador e o vendedor para pagar / receber um preço fixo por um montante fixo a produzir numa data futura especificada. Embora as origens da comercialização desses futuros possa ser encontrada na Grécia Antiga[i], o Japão é reconhecido como tendo estabelecido o primeiro espaço centralizado para a comercialização de futuros na era moderna, quando a Bolsa de Arroz de Dojima, em Osaka, abriu em 1697. A Chicago Board of Trade, que se tornou a maior bolsa de transação de futuros do mundo, abriu cerca de 150 anos mais tarde.

O investimento sistemático emergiu de forma mais proeminente no início dos anos 1980, quando se tornou possível comercializar contratos de futuros em instrumentos de taxas de juros, moeda, participações individuais, índices de ações e um leque mais amplo de recursos naturais. Os investidores esclarecidos viram uma oportunidade para utilizar estas ferramentas numa estrutura baseada em regras, para oferecer tanto uma proteção para uma carteira de ativos tradicionais, como uma fonte de valor acrescentado.

Como veremos no próximo artigo desta série, os programas de investimento sistemático constituem uma ferramenta valiosa para obter uma verdadeira diversificação e isto é, em larga medida, contingente na abordagem restrita baseada em regras que define tais estratégias.

Informações legais importantes

As informações contidas neste documento são fornecidas apenas para fins informativos e não se qualificam como consultoria de investimento. As opiniões e avaliações contidas neste documento podem mudar e refletem o ponto de vista de GAM na actual conjuntura económica. Não será aceite qualquer responsabilidade pela exactidão e integridade das informações. O desempenho passado não é um indicador para o desenvolvimento atual ou futuro.

Informações importantes sobre Investimento Sistemático: As estratégias de investimento sistemático são especulativas e não são adequadas para todos os investidores, nem representam um programa de investimento completo. Muitos dos programas de investimento são especulativos e implicam riscos substanciais. Estratégias sistemáticas de investimento incluem os riscos inerentes a um investimento em títulos, o uso de alavancagem, vendas a descoberto, opções, futuros, instrumentos derivativos, investimentos em títulos não americanos e títulos "junk". Não pode haver garantias de que uma estratégia de investimento (hedging ou não) será bem sucedida, ou que um gestor irá empregar tais estratégias em relação a toda ou qualquer parte de uma carteira. Os investidores podem perder alguns ou todos os seus investimentos.

 

i   Fonte: BarclayHedge, SG, Stark and GAM

FINRA Organisation (May 2015)From Ancient Greece to Wall Street i[i]