“Uma carteira ISR pode prevenir uma perda repentina de dinheiro”

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Gideon Pisanty, Wikimedia Commons

“Invista com Responsabilidade: Seja SRI!”. Este foi o tema que a APAF - em parceria com a Thomson Reuters e a Candriam – trouxe recentemente a debate, numa  conferência em que se tentou perceber quais as implicações do tema na atualidade.

Ludovic Ferras, head of investment specialist da Candriam, começou por referir que o tema do investimento socialmente responsável “é um tema que vai marcar a agenda por múltiplas razões”. No histórico da Candriam esta é uma temática na qual já estão envolvidos há mais de 20 anos, sendo que o seu primeiro portfólio sustentável foi lançado em 1996, dirigido em concreto à rede de retalho belga.

O governance por si só está a tornar-se fulcral na altura de escolher uma determinada empresa para integrar um portfólio”, começou por dizer o especialista, que acrescentou que atualmente, o que importa mesmo perceber é qual é o impacto financeiro que este tipo de critérios representa. Como seria de esperar, a Candriam, no papel de gestora de ativos, acredita que a inclusão de factores de ESG (Environment, Social and corporate governance) hoje em dia é fundamental. No trabalho que efetuam regem-se por estratégias de ‘best in class’, ou seja, tentam determinar como é que uma determinada empresa já integrante do universo sustentável consegue lidar com outras componentes de mercado. “Uma empresa que lide melhor por exemplo com o problema da deflação, irá acrescentar mais valor face a outras, numa perspetiva de longo prazo”. Outro dos pontos em que se focam na seleção de empresas é o que apelidam de “impacto do investimento”, um conceito que representa o investimento em prol de uma determinada comunidade. Lembrou que este tipo pensamento é bem menos comum na Europa do que nos EUA, muito embora seja na Europa que estão “2/3 do investimento que se faz em ISR (Investimento socialmente responsável), em termos globais”.

Cada país com um mindset diferente

De país para país, percepcionam-se diferentes formas de olhar para o investimento socialmente responsável. Em França, por exemplo, a comunidade investidora “foca-se muito no best in class”, enquanto que por exemplo na Suíça o principal driver de investimento ISR são as próprias temáticas. No Reino Unido, por seu turno, é o compromisso de uma empresa que mais pesa na hora de escolher a companhia, que é como quem diz “a forma como está estruturada a parte acionista da empresa”. Muito embora as dimensões de investimento sejam heterogéneas, continuam a existir mitos por combater. “O investimento sustentável irá prejudicar as carteiras de investimento”, verbalizou Ludovic Ferras, classificando como um dos grandes mitos sobre o ISR. Pelo contrário: o especialista acredita que “uma carteira ISR pode prevenir uma perda repentina de dinheiro, evitando o risco reputacional presente em diversos negócios”.

Da Thomson Reuters, Andre Chanavat, Product Manager ESG da Thomson Reuters, relatou aos presentes a sua grande experiência no tema, tendo como clientes fundos de pensões, consultoras, etc. A informação disponibilizada pela entidade é portanto útil porque integra “qualidade e dados objetivos”.

O especialista reiterou que “se está a tornar cada vez mais importante aceder a ‘extra financial information’ quando se faz a avaliação do perfil de risco, e ainda a performance de longo prazo de uma empresa”. Por isso, diz testemunhar um cada vez maior interesse da indústria por este tipo de empresas.