Um ano depois da tomada de posse da Administração Trump, como será 2018 para os Estados Unidos?

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A 20 de janeiro de 2017, a administração de Donald Trump tomou posse. Desde então, vários foram os acontecimentos que marcaram não só o panorama político norte-americano, mas também internacional. Ainda que Trump, pelo seu estilo, seja o centro das atenções, a sua administração tem trabalhado para tornar realidade algumas das medidas que propôs durante a campanha eleitoral. A Reforma Fiscal é, talvez, o grande marco do primeiro aniversário da Administração Trump.

Dito isto, no Outlook para 2018, a equipa de Research do BiG analisa o momento económico norte-americano e reflete sobre os possíveis acontecimentos que poderão marcar o ano de 2018 em terras do Tio Sam.

O destaque vai, em primeiro lugar, para o atual período de expansão económica nos Estados Unidos, que é já o 3º mais longo no período pós II Guerra Mundial. Quanto a este facto, a entidade acredita que “a reforma fiscal em curso no Congresso oferece um novo impulso ao momento de expansão, gerando complexidade no que respeita a ação da Fed num contexto de re-aceleração da economia num estágio de ciclo tardio”. Assim, sendo esta reforma fiscal aprovada, “os Estados Unidos entrarão num enquadramento de políticas monetária e fiscal antagónicas – expansionista no caso da fiscal e de normalização no caso da monetária”, detalham.

“Velocidade cruzeiro” é a expressão que a entidade utiliza para caracterizar o atual momento da economia norte-americana, que “após uma ligeira desaceleração do crescimento em finais de 2015-16, esta readquiriu fôlego, ao beneficiar da expansão nos sectores de manufactura e serviços”, destaca. Os próximos tempos serão, assim, de manutenção do crescimento, “com os indicadores económicos a demonstrar um quadro bastante benigno para a evolução do ciclo” e com o índice que agrega os indicadores económicos leading (que antecedem alterações na economia) a apontar “para a manutenção do crescimento económico sólido no bloco norte-americano”, explica a equipa de Research do BiG.

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Contexto favorável mas inflação aquém dos objetivos

Ainda que a economia norte-americana se situe num contexto favorável, a verdade é que a inflação continua aquém dos objetivos. Isto é evidenciado pela curva de Philips que, embora a economia americana se encontre em pleno emprego, “a inflação persiste abaixo do projetado para os níveis de desemprego atual – retirando o valor preditivo desta no evoluir do binómio salários-emprego nos EUA”, destacam. Assim, a perspetiva da entidade é que o plano fiscal expansionista e uma menor folga do mercado laboral é uma dinâmica que poderá traduzir-se “num moderado pick-up da inflação no médio prazo”.

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O plano fiscal está, de certa forma, no centro das atenções no que diz respeito ao que poderá suceder em 2018 nos Estados Unidos, sendo que este “levanta desafios suplementares à atuação da Reserva Federal”. A nova presidência de Powell, porém, não augura uma “alteração significativa da evolução da política da Fed”, consideram. Neste sentido, os três aumentos de taxas por parte da autoridade monetária norte-americana em 2018 mantêm-se.

Por outro lado, na opinião da entidade, o mercado apresenta alguma complacência relativamente às subidas previstas para este ano. Assim, “a aceleração do ritmo de redução de balanço será um teste para a dissociação vigente entre o balanço do Fed e os mercados accionistas”, referem, acrescentando que “poderá também sustentar um acentuar do declive da curva de Treasuries”.

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Recessão no horizonte?

Uma inversão da yield curve norte-americana é um dos indicadores de recessão, algo que foi demonstrado “em momentos de downturn económico relevantes no passado”, começa por referir a entidade. Atualmente, “o valor do spread 10/2 e a relativa folga ao nível da Capacidade Utilizada parece sugerir que não estamos na iminência de uma eventual recessão nos EUA”, destacam. Tendo em conta este contexto, e uma vez que “a yield curve tende a inverter, usualmente, no espaço de 12 meses prévio à recessão”, a perspetiva da entidade é que não se verificará uma recessão até meados de 2020, “salvo choques exogéneos”.