Três sinais que a Franklin Templeton interpreta como favoráveis para investir em tecnologia

b32f003fa8c8eb6b

O investimento por sectores tem perdido popularidade durante os últimos anos, salvo raras excepções. Talvez a mais notável, juntamente com o sector bancário, tenha sido a pujança dos títulos do sector tecnológico. “O sector da tecnologia orgulha-se dos seus avanços dinâmicos, mas um princípio tecnológico manteve-se constante: as empresas devem pensar de forma diferente para conseguirem ter êxito”, salienta JP Scandalios, analista e gestor da Franklin Templeton Investments.

“Como profissionais que monitorizam tendências, olhamos para este fenómeno todos os dias. As start-ups ou as empresas emergentes não podem adoptar a atitude de “e eu também”; têm que encontrar um mercado que não exista hoje ou visualizar uma solução para um problema que não está a ser solucionado por causa de heranças ou por causa de fornecedores obrigatórios”, assegura o especialista. Este indica assim uma das tendências que considera mais importantes para o sector: a procura de inovação, ou a batalha por adquirir o novo grande inovador. “O sector tecnológico está a reiventar-se a si mesmo, o que costuma conduzir a oportunidades de investimento”, esclarece. Na verdade, Scandalios mostra-se bastante otimista apesar da recente volatilidade: “Nos meus mais de 20 anos de análises de títulos tecnológicos, não tinha visto um período mais forte de inovação do que aquele que estamos a experienciar atualmente”, declara.

Também vê oportunidades atualmente em termos de valorização. “As expectativas tendem a subir em torno dos produtos de empresas tecnológicas, e às vezes também em torno dos seus lucros. No início do ano, acredito que alguns investidores entraram em pânico depois de certas empresas terem publicado resultados decepcionantes correspondentes ao quarto trimestre de 2015”, comenta Scandalios. O seu ponto de vista é que “o mercado simplesmente não estava preparado para as más notícias, e os investidores venderam indiscriminadamente todo o sector”. Esta falta de descriminação ofereceu oportunidades de investimento à equipa da Franklin Templeton para comprar algumas pechinchas. “Em geral, acreditamos que as valorizações do sector tecnológico parecem razoáveis nesta altura. Embora seja um dos sectores mais rentáveis, o seu PER apenas está ligeiramente acima do PER médio do S&P 500. E quando se compara o PER do sector relativamente à taxa de crescimento, vê-se que é um dos sectores menos caros do S&P 500”, afirma o analista.

Ideias de investimento

Scandalios explica que, para lá dos nomes populares que toda a gente tem em mente, onde os especialistas da Franklin estão a encontrar mais oportunidades é nos segmentos que consideram “menos glamorosos”, ou seja, empresas com um bom comportamento mas que não estão apoiadas por fortes campanhas de marketing e, por tanto, são menos conhecidas pelo público geral. O analista dá como exemplo – sem dar o nome exacto – de um fabricante de semicondutores cujo negócio se centra no desenho e fabricação de semicondutores que convertem sinais analógicos em digitais e vice-versa.

“Os avanços que mais me fascinam são aqueles com probabilidade de ter impacto sobre o nosso dia-a-dia”, afirma o especialista. Dá como exemplo os avanços tecnológicos que se incorporaram à indústria automóvel: “Os sensores incorporados nos automóveis podem registar, por exemplo, se a pressão dos pneus é baixa, se o motor está aquecer demasiado, a que velocidade conduz e com que força é que se está a travar.  Ao conseguir que os automóveis transmitam e recebam esses dados, podem existir carros que reajam melhor do que os condutores humanos a condições perigosas e, por exemplo, fazer uma travagem para prevenir um choque, de forma mais rápida do que uma pessoa seria capaz de fazer”. Com estes exemplos, o que Scandalios quer dizer é que a Franklin Templeton está a ver oportunidades em empresas fabricantes de sensores e softwares para automóveis com funções como as descritas.

Outro segmento que chama a atenção do especialista é o dos sistemas que permitam consultar dados bancários através de telemóveis ou cartões digitais, como por exemplo a tecnologia NFC: “É uma forma de comunicação isenta de contacto entre dispositivos como smartphones ou tablets. Esta comunicação sem contacto permite ao usuário mover o seu telefone relativamente a um dispositivo compatível com a tecnologia NFC, de forma a enviar a informação sem necessidade de tocar ambos os dispositivos ou estabelecer uma conexão num processo de vários passos”. Ou seja, graças ao sistema de comunicação NFC bastaria mover o telefone diante de um dispositivo compatível para poder pagar objetos ou serviços (um café, por exemplo), sem ser necessário utilizar dinheiro em mãos, ou cartões de crédito. “Para além dos chips que permitem o sistema de NFC, o aumento do pagamento eletrónico também aumenta a necessidade de uma encriptação forte para salvaguardar a informação pessoal de cada pessoa”, conclui Scandalios.