Três mitos sobre o investimento em factores de risco

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O investimento em factores de risco ou 'factor investing' está a converter-se numa das soluções que as gestoras de fundos fornecem para gerar alfa num momento como o atual, marcado por baixas taxas de juro e ativos altamente correlacionados. O investimento em factores, concentra-se na seleção de ativos que apresentem uma série de bias que vêm a ser estudados desde há décadas, com o objetivo de gerar um alfa superior. Os factores utilizados de forma mais habitual são: capitalização, valor, momentum, qualidade, beta reduzido e risco de mercado. 

Atualmente, as estratégias que mais empregam o factor investing são as de Smart Beta aplicadas à gestão passiva. No entanto, não são as únicas, tal como sublinha Sara Shores, responsável global de Smart Beta na BlackRock. Shores encarrega-se de desmentir três mitos que são transversais ao investimento em factores de risco.

As estratégias baseadas em factores limitam-se às ações

 Esta afirmação é falsa, enfatiza a especialista: “As estratégias de ações smart beta como de momentum, valor, qualidade e mínima volatilidade são de longe as estratégias factoriais mais utilizadas e com frequência servem como a porta de entrada para este tipo de investimento. Mas é importante ter em conta que o conceito se estende mais além das ações, para outras classes de ativos, como as obrigações, matérias primas e divisas”.

 O exemplo mais claro para a especialista é o investimento em factores de obrigações, que é uma estratégia menos conhecida que partilha do objetivo de capitalizar nas ineficiências do mercado: “Os mercados de obrigações guiam-se em grande medida pela exposição a dois factores de risco macroeconómico: o risco de taxas de juro e o risco de crédito. Uma das formas nas quais as estratégias de factores de obrigações tentam melhorar os retornos é ao equilibrar esses riscos”.

 A especialista espera que esta tendência de aplicação do factor investing a mais classes de ativos se torne mais popular no futuro, ao exigir dos investidores formas de investir cada vez mais precisas e sofisticadas para cumprir com os seus objetivos de investimento.  

Não é necessária uma estratégia de investimento por factores porque a carteira está bem diversificada

Neste caso, a resposta de Shores é “talvez sim, talvez não”. Refere-se a que “muitas vezes uma carteira não está tão bem diversificada como se pode pensar”, no sentido que uma carteira pode ter obrigações, ações, hedge funds e real estate, mas estar exposta a fontes de risco semelhantes que criam correlações não premeditadas. “Por exemplo, o risco de crescimento costuma ser proeminente nas ações, high yield, alguns hedge funds e imobiliário. Portanto, se o crescimento económico abranda, uma carteira exposta a este factor em particular verá que o seu retorno total se vai reduzir como resultado, independentemente de quão diversas sejam as suas posições por tipo de ativo e região”, explica.

A representante da BlackRock opina que a análise dos factores de risco pode ajudar os investidores a entender os motores subjacentes de risco mais além das classes de ativos, para obter uma diversificação mais efetiva que melhore a consistência dos retornos ao longo do tempo.

O investimento em factores de risco é uma estratégia de gestão passiva

A especialista defende que na BlackRock não o veem assim: “O investimento em factores combina características de investimento passivas e ativas, e permite aos investidores reter muitos benefícios de estratégias passivas enquanto buscam retornos melhorados ou risco reduzido”. Ou seja, na gestora acreditam que o factor investing se pode aplicar a todo o tipo de estratégias, independentemente de serem ativas ou passivas. Shores esclarece: “Ainda que achemos que a gestão passiva tradicional, a gestão ativa tradicional e as estratégias baseadas em fatores têm um lugar em cada carteira, não é novidade que alguma da rentabilidade que os gestores ativos geraram no passado se pode obter através de estratégias de smart beta de baixo custo”.