Três indicadores que apontam que um Quantitative Easing na Europa é mais provável do que o mercado fala

Tanguy
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Parafraseando as palavras imortais ditas por William Shakespeare na boca de Hamlet, os gestores de obrigações europeias já há alguns meses que se perguntam : “QE ou não QE?” Tanguy Le Saout, responsável de obrigações europeias da Pioneer Investments aponta até três indicadores de que o BCE poderá começar a comprar ativos para reativar a recuperação económica na Zona Euro.

O primeiro deles é uma mistura de dados económicos e instabilidade política: “Os últimos dados económicos continuam a decepcionar. Entretanto a situação política na Rússia poderá criar ventos adversos para as economias vizinhas, nomeadamente para a Alemanha", indica Le Saout, que sugere que “o BCE seguramente está preocupado com o rumo desta situação”.

O segundo ponto tem a ver com o balanço do BCE; para o especialista, a expansão até alcançar os três biliões de euros é “excessivamente otimista”. Acrescenta que “os resultados do recente programa de aquisição de ativos e os TLTRO supõe que o BCE tem agora que reavaliar o seu ‘modus operandi’. Parece improvável que o objectivo do tamanho do balanço seja alcançado”. Por isso, Le Saout pergunta-se: “Talvez agora seja a altura ideal de considerar o que antes era impensável?”.

Finalmente, o terceiro ponto tem a ver com as expectativas de inflação. O representante da Pioneer Investments reitera que o objectivo de inflação de 2% está muito longe de se cumprir, e acredita que “a recente queda dos preços do petróleo poderá acelerar esta tendência”.

A conclusão final de Le Saout é muito clara: haverá compras de dívida. “O BCE compreende a urgência da situação. A compra de ativos é a última eleição da lista de opções disponíveis. A única coisa que tem de se decidir é a quantidade, que ativos comprar e quando anunciar o programa”.