Três formas de gerar retorno em private equity

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(Este artigo de opinião é da autoria da Golden Wealth Management. Consulte este e outros artigos no blogue da Golden Wealth Management)

Private Equity é considerada uma classe de ativos que assenta na utilização de capitais privados para investir em empresas listadas ou não listadas e/ou ativos imobiliários. Grande parte dos negócios efetuados neste tipo de indústria envolvem uma grande entrada de novo capital, sendo ele, em alguns casos, financiado maioritariamente por dívida. Um dos negócios mais conhecidos, precisamente com recurso a dívida, prende-se com a aquisição da RJR Nabisco por parte da KKR no ano de 1989, cujo valor foi de cerca de 24 mil milhões de dólares (cerca de 104 dólares por ação), um montante considerado estratosférico para a altura. Aliás, esta operação é de tal modo famosa que ficou imortalizada num best-seller e num filme, ambos com o mesmo nome, Barbarians at the Gate.

A empresa de Private Equity, para iniciar um investimento, necessita primeiro de criar um veículo para esse mesmo fim. Para tal, a empresa de Private Equity cria um fundo fechado que é normalmente constituído por dois agentes: os limited partners e os general partners. Os general partners são representados pela empresa de Private Equity e são responsáveis pela criação do veículo de investimento, isto é, o fundo (fechado) de Private Equity propriamente dito e a sua gestão. A ligação entre Limited Partner e General Partner fica consagrada num acordo conhecido como o commitment of funds, que, de forma bastante simples, é um contrato legal que vincula os Limited Partners a contribuírem com capital para o fundo, sendo que essas contibuições (chamadas de capital) podem ser feitas numa só vez ou através de várias chamadas de capital ao longo do período de vida do fundo. Desta forma, os General Partners, por norma, disponibilizam 1% do capital a ser angariado e são responsáveis pela gestão do fundo. Os Limited Partners disponibilizam os restantes 99% através das várias chamadas de capital e são, geralmente, fundos de pensões, companhias de seguros, mutual-funds, fundos de fundos, fundos soberanos, family offices e outros investidores institucionais.

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Depois do investimento inicial e da constituição e gestão de um portfolio, de que forma é que o fundo de Private Equity recebe o retorno sobre o seu investimento? Ou, como é mais banalmente denominado, qual é a sua estratégia de saída (exit strategy)? Este é um dos temas mais debatidos dentro do ecossistema do capital de risco, visto que possibilita, em certa medida, tirar algumas ilações acerca da capacidade de gerar retornos e da criação de valor da indústria do Private Equity para a economia. Abaixo serão mencionadas algumas das mais comuns exit strategies utilizados pelo Private Equity.

Secondary buyout

Um secondary buyout ocorre quando uma empresa de Private Equity vende uma das suas investidas a outra empresa de Private Equity. Esta operação é um pouco mais controversa visto que muitas vezes se põe em questão o racional de um PE que adquire uma empresa que já esteve nas mãos de outro PE: visto que normalmente se assume que o primeiro PE já terá extraído todo o “sumo” da empresa, e entenda-se “sumo” como as melhorias da margem operacional e melhorias na geração de cash flows, um dos principais drivers dos ganhos do PE, ficando, à partida, pouco “sumo” ainda para ser “espremido”. Esta operação é considerada uma opção de recurso e costuma acontecer quando um fundo de PE se encontra perto do fim do seu ciclo de vida, o que pressiona os gestores do fundo a encontrarem uma forma rápida e fluída de entregarem retorno aos limited partners. A incapacidade de uma empresa de Private Equity em sair de um investimento de forma célere e eficaz tem um impacto negativo na sua reputação, o que por sua vez tem um impacto negativo na capacidade de um General Partner criar um veículo de investimento. Pelo lado do PE comprador, pode ser uma oportunidade para espremer o “sumo” que  o PE vendedor não conseguiu espremer.

Trade Sale

Por esta via, a empresa de Private Equity vende as ações que detém de uma empresa a uma terceira parte, que normalmente é um player que opera no mesmo setor ou mesma indústria que a empresa adquirida. O adquirente tem, por norma, conhecimento acima da média sobre o mercado em que opera, estando predisposto a pagar um prémio, que advém de uma maior facilidade em lidar com os processos de due diligence e que resulta numa maior agilidade no processo de aquisição. Tal como o secondary buyout, esta estratégia de saída é, ao contrário do IPO, bastante célere e flexível, pois permite ao General Partner vender toda a sua participação na empresa adquirida de forma imediata.

IPO

Uma Initial Public Offering (Oferta Pública Inicial em português) é uma estratégia de saída em que a empresa vende as suas ações ao mercado, passando a estar disponíveis para transação em bolsa. Neste caso em específico, a empresa de Private Equity vende as ações de uma das suas investidas no mercado, sendo que o seu retorno irá resultar na diferença entre o montante investido e o montante angariado na venda das ações no mercado. Normalmente, as empresas de Private Equity assinam um acordo de lock-up: este acordo assegura que a empresa de Private Equity apenas possa vender as ações remanescentes após um período de cerca de 6 a 12 meses após o IPO, evitando que esta “despeje” as suas ações logo a seguir à Oferta Pública Inicial. Esta estratégia de saída é geralmente considerada como um barómetro para a qualidade das investidas, sendo que as empresas de qualidade superior são normalmente sujeitas ao IPO.

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