“The widely held belief that stocks always rise, that they’re good for the long-term and so on is a myth” Aden Report

Francisco_20Carneiro_BPI
Revista Prémio

Existe a convicção de que as acções sobem sempre ou que, pelo menos em prazos alargados, acabam por subir. Existe a ideia de que as acções têm um movimento da esquerda em baixo para a direita em cima.
Aliás há várias razões económicas para isto acontecer, nomeadamente:
a)    Quem manda nas empresas são pessoas nomeadas pelos accionistas que acabam por tomar decisões que favorecem esses mesmos accionistas em detrimento dos obrigacionistas, dos empregados, etc.
b)    As empresas não pagam todos os seus lucros em dividendos, pelo que existe retenção de lucros. Da mesma forma que uma obrigação de cupão zero (i.e. que não paga cupões) vai capitalizando e sempre subindo, também as acções deviam subir por esta razão.
Apesar desta percepção, não é isto que tem acontecido nos últimos 15 anos na Europa. O índice Eurostoxx 600, composto por 600 grandes empresas da Europa incluindo o Reino Unido, começou em 1991 a 100 pontos. Neste momento está a 254 pontos. Este é claramente um movimento da esquerda em baixo para a direita em cima. No entanto, em 1998 estava a 279 pontos, ou seja, um pouco acima do valor actual. Desde 1998 já houve os seguintes anos com retornos negativos: 2000, 2001, 2002, 2007, 2008 e 2011.
Na realidade, nos últimos 15 anos não foi difícil perder-se dinheiro na bolsa na Europa. No Japão, o índice Nikkei que chegou aos 40,000 pontos em 1990 está agora nos 9000 pontos. Chega-se à conclusão de que o mercado de acções tem os seus momentos e que estes nem sempre são para cima.
Se assim é, porque é que a grande maioria das poupanças dos investidores estão alocados a fundos que só podem ganhar nas subidas? Mais: alguns veículos de investimento estão desenhados de uma forma que mesmo que o gestor entenda que vá haver uma correcção dos mercados têm de estar sempre investidos à mesma.
A razão prende-se com a ideia de que são os clientes finais que têm que escolher os timings de entrada e saída dos fundos. Os fundos, nomeadamente os de acções, estão sempre com o pé no acelerador e o cliente é que tem que ajuizar qual o momento em que vale a pena entrar e qual o momento em que vai haver uma correcção e sair. O gestor não vai tomar esta decisão pelo cliente.
Se por acaso se tratar de um investidor que não tem tempo para acompanhar a bolsa ou que acha que é difícil ajuizar estes momentos, o que deve fazer?
Existem os Investimentos Alternativos que são fundos em que o gestor pode estar desinvestido, pode apostar nas quedas e pode ganhar nas subidas. Na realidade são estruturas mais flexíveis e que não ganham apenas quando a bolsa sobe. Potencialmente, o seu desenho é mais realista com o que se passa nos mercados.
Se há tantos períodos em que as acções descem porquê só ter veículos que ganham apenas nas subidas?