“Susto inflacionista” é a principal preocupação da equipa de gestão da Bankinter GA para 2018

Bankinter
Vitor Duarte

Numa análise às perspetivas para 2018, a equipa de gestão da Bankinter Gestão de Ativos apresenta, em entrevista à Funds People, as expetativas para este novo ano e as principais preocupações, esquematizando-as por grau de preocupação. O “susto inflacionista” está em primeiro lugar e, consequentemente, o receio de que “um ritmo mais agressivo de subida de taxas de juro” se possa vir a materializar ao longo do ano.

O que esperam de cada uma das principais economias (EUA, Europa, China e Japão) no ano de 2018?

Os principais blocos económicos desenvolvidos (EUA, Europa ex-UK e Japão) devem continuar a apresentar taxas de crescimento do PIB relativamente robustas, com a rubrica de investimento (que até agora pouco tem contribuído) a assumir preponderância, sobretudo nos EUA e Europa. Dada a situação de pleno emprego em que algumas das principais economias já se encontram (EUA, Alemanha), é crítico que os índices de produtividade comecem a subir sob pena de começarmos a ver pressão para subida de salários e, consequentemente, mais inflação. Já a economia chinesa atravessa um período de transformação do seu paradigma de crescimento, menos assente em investimento e comércio internacional e mais em consumo privado, que tem levado a uma desaceleração da atividade económica nos últimos anos. Algo que acreditamos que se irá manter em 2018, com o governo chinês empenhado em evitar um “hard landing” e em encontrar uma solução para o elevado nível de endividamento das empresas chinesas.

Quais as classes de ativos melhor posicionadas para enfrentar o novo ano e que perspetivas têm para cada uma delas (obrigações, ações, imobiliário, entre outros)?

Continuamos a preferir ações em detrimento de obrigações, ainda que as nossas expetativas de retorno para este ano sejam bastante mais modestas quando comparadas com 2017. Nas ações, vemos mais potencial nas ações europeias ex-UK e nas ações de mercados emergentes, onde o enquadramento macroeconómico é robusto e os múltiplos de mercado das empresas são atrativos, sobretudo quando comparados com os das empresas americanas. Estamos também positivos em ações japonesas, onde a tendência de melhoria das margens de lucro e baixo nível de dívida, associadas a múltiplos de mercado relativamente baixos, deverá permitir ganhos adicionais em 2018.

No que respeita a obrigações, temos preferência por mercados emergentes em local e hard currency e por alguns emitentes específicos high yield de mercados periféricos europeus. Não vemos valor em dívida pública, dado os atuais níveis de yields e perspetiva de subida de taxas de juro, e as obrigações investment grade estão, na generalidade, muito caras.

Que riscos monitorizam por esta altura com maior preocupação e porquê?

Por grau de “preocupação”:

  1. “Susto” inflacionista: algo que não está descontado pelos agentes do mercado e que a materializar-se, mais provavelmente nos EUA, levaria a um ritmo mais agressivo de subida de taxas de juro, com consequente repricing, pela negativa, das obrigações e, pelo menos inicialmente, das ações.
  2. Crise do setor financeiro chinês
  3. Risco político, nomeadamente, e por esta ordem, o ressurgimento da hipótese de desintegração da Zona Euro (eleições italianas) e a eclosão de um incidente nuclear na península coreana.

Qual o fundo de investimento (obrigações, ações, misto) que recomendam para o ano de 2018 e porquê?

Recomendamos sempre fundos mistos, diversificados por várias classes de ativos, ajustado ao perfil de risco de cada cliente. Dado o mais que expectável regresso da volatilidade aos mercados financeiros, cremos que os benefícios da diversificação e da gestão ativa e dinâmica da exposição às diferentes classes de ativos serão mais visíveis no ano que agora se inicia.

Pergunta mais provocatória: Qual o objetivo que gostariam de ver concretizado em 2018, no trabalho que executam?

Manter o mesmo nível de performance financeira dos nossos fundos de investimento.