Supremacia do dólar e o peso dos emergentes

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Ivan McClellan, Flickr, Creative Commons

Nas perspectivas do research do BiG para o último trimestre do ano a equipa dá destaque ao fulgor económico dos EUA, mas alerta também para o peso crescente dos emergentes na economia mundial. Se por um lado, os EUA continuam a beneficiar de um “ímpar fulgor económico”, a Europa denota uma “desaceleração do seu crescimento económico ao longo de 2018”. No primeiro país verificam-se superiores taxas de crescimento do PIB em comparação com as restantes economias desenvolvidas, enquanto na Europa, os “ comparáveis macrofundamentais exigentes que se observaram no ano transacto e, fundamentalmente, pelo vector exportador da economia europeia que tem sido acossado no contexto de agravamento das tensões comerciais, têm sido os motores da referida desaceleração”.

No último trimestre, a equipa de research do BIG destaca, nos EUA, dois temas que merecem atenção. Por um lado, as tensões comerciais têm escalado, principalmente entre os EUA e a China. “Com as negociações entre os dois países estagnadas, é atualmente difícil prever quando poderemos assistir a uma resolução das tensões comerciais e uma recuperação dos ativos mais penalizados por estas - nomeadamente os produtores de aço chineses, as ações chinesas e as fabricantes de automóveis europeias, entre outros”, comentam. Por outro lado, as eleições intercalares são também um fator a merecer a atenção por parte dos investidores. “Não obstante a elevada impopularidade de Trump, as actuais sondagens indicam que os Democratas apenas conseguirão capitalizar esta para obter o controlo na Câmara dos Representantes, não obtendo a maioria no Senado. Neste caso, o governo dos EUA, após as eleições de 6 de Novembro, será composto por uma Câmara de Representantes sob o domínio Democrata, um Senado controlado pelos Republicanos e um presidente republicano”. Contudo, independentemente da estrutura do governo, “os mercados acionistas apresentam, historicamente, um desempenho positivo nos 12 meses após eleições – registando, em média, ganhos de 15% entre 1950 e 2014”.

Na Europa, o research do BiG destaca a ausência de “guidance para a dinâmica da política de reinvestimento das Obrigações de dívida Soberana que maturam no âmbito do PSPP – factor de importância particular num momento em que o prémio de risco sobre a dívida de Itália fixa máximos relativos. O trimestre poderá ficar marcado por alguma clivagem política entre a política Orçamental do Governo populista que rege Itália face à ortodoxia financeira esperada pela Comissão Europeia. Desenvolvimentos do Brexit serão críticos no último trimestre do ano”.

Emergentes

No bloco emergente, o research do BiG considera que o futuro é incerto. Relativamente ao Brasil comentam que “será extremamente difícil prever quem ganhará a segunda ronda, visto que esta deverá ser bastante renhida”. Por outro lado, acreditam que “o spillover dos episódios dramáticos que ocorreram na Argentina e Turquia já tresladou para as remanescentes economias emergentes, com a generalidade dos pares cambiais a sofrer ante o USD e índice acionista agregado dos Emergentes a sofrer quedas significativas. Se persistir a “sangria” nos emergentes, rapidamente esta poderá escalar para uma crise/arrefecimento global, tendo em conta que o bloco Emergente já representa 40% do PIB mundial (vs 20% no início de 2000)”.

Supremacia do dólar

A força da principal divisa de financiamento mundial, e até a sua eventual sobreavaliação perante seis das nove principais divisas mundiais, é, segundo a equipa de research do BiG “justificada pela supremacia económica dos EUA, face aos demais países desenvolvidos, com um reflexo manifesto na outperformance do mercado acionista norte-americano, apesar das taxas de juro mais elevadas. Esta unicidade da economia e mercados norte-americanos fomenta uma maior procura por USD, concretizando-se assim uma auto-alimentação da valorização do USD. As eleições intercalares nos EUA e uma possível necessidade da Reserva Federal ter de abrandar o ritmo de subida de taxas de juro perante uma eventual escalada da crise emergente são os principais riscos para o dólar”, explicam do BiG.