Step aside? Or plunge in?

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Há dias partilhei numa rede social uma brincadeira com os amigos que dizia mais ou menos isto, “se têm capacidade de endividamento, forrem-se de divida e vão comprar ações. Se correr bem, ficam ricos, se correr mal, é porque não estarão cá para resolver o problema.”

Era obviamente uma brincadeira para desanuviar o ambiente pesado em que vivemos, mas, no fundo, ao mesmo tempo muito séria.

A situação que se vive com a pandemia do coronavírus, combinada com a recusa das principais bolsas de suspenderem por algum tempo a negociação, constitui uma daquelas oportunidades excecionais que aparecem apenas uma vez na vida.

Ninguém neste momento é capaz de avaliar corretamente o valor individual de cada empresa no mercado.

A razão é simples, ninguém sabe quanto tempo a pandemia vai durar, nem o impacto que terá nas economias.

Para agravar a situação alguns números sobre o crescimento económico começam a sair, e não são bonitos de se ver.

Mas será assim tão difícil de avaliar, do ponto de vista mais abrangente dos mercados, o impacto desta pandemia?

Vejamos:

Não sabemos quanto tempo a pandemia irá durar, mas sabemos qual o seu horizonte temporal máximo. Esse será o do desenvolvimento de uma vacina funcional, e não ultrapassará certamente os 18 meses (com grande probabilidade mesmo menos do que isso).

Também não sabemos o seu impacto económico nesses 18 meses. Mas devíamos saber que isso é pouco relevante para a avaliação das empresas a partir do 19º mês (ou antes).

Porquê?

Porque as empresas valem os seus Cash Flows futuros, e a partir do 19º mês será novamente “business as usual”.

Se tomarmos os Índices de mercado como referência, fica apenas a dúvida de qual o peso relativo nos Indíces, das empresas que irão cair, e das que, não o fazendo, continuarão a integrar esses mesmos Indices daqui a 18 meses.

A ser assim, ou acreditamos que os Indices das principais praças vão ser sujeitos a uma “pandemia” própria durante este período, com a esmagadora maioria das suas empresas a desaparecer, ou então está na altura de começar a pensar em comprar esses Indices agressivamente.

Alguns números:

De acordo com as previsões desenvolvidas pela equipa da BIZ Capital, e assumindo que em 18 meses (ou antes) o mercado estará em “business as usual” (i.e. a fazer avaliações do futuro de forma semelhante ao que vinha fazendo no passado), obtêm-se os seguintes resultados para o Indice STOXX Europe 600:

Momento atual:

Queda do Indice (face ao Máx 52 semanas) = -37%

Daqui a 12 meses:

Desvalorização esperada do Indice (face ao Máx 52 semanas) = -11%/-15%

Valorização esperada do Indice (face ao valor atual) = +35%/+42%

(Para estes resultados foram testados cenários de crescimento de 0%, -3% e -5% do PIB Europeu em 2020, e impactos nos EPS das empresas do STOXX Europe 600 de -30% e -50%)