”Shadows in the midst of their own show”

Há nos membros e na atitude dos XX uma marca de subtileza, discrição e simplicidade que, de forma certamente voluntária, põe em especial destaque o que mais importa: a excelente música que produzem.
 
Formado em 2008, o Grupo Indie Inglês XX tem dois álbuns editados: o álbum de estreia chamado simplesmente “XX” data de Agosto de 2009 e  valeu-lhes já em 2010 o cobiçado Mercury Music Prize. Depois de anos na estrada voltaram em Setembro passado com o novo álbum “Coexist”.
 
Quem esteve no Europeu de futebol deste ano talvez reconheça o tema inicial do primeiro álbum chamado “intro” pois tocou nos estádios da Polónia e da Ucrânia antes de todos os jogos. “Intro” é uma excelente iniciação ao universo espacial e minimalista da banda que nunca abandona um omnipresente, ainda que apenas latente, ritmo que sem nunca se impor pede discretamente para entrar em cada música dos XX.
 
Há uma timidez nos membros da banda, que não chega para disfarçar a cumplicidade evidente entre eles e que se torna ainda mais notória em cada dueto entre Romy Madley Croft e Oliver Sim. Numa entrevista confessaram mesmo que em relação ao primeiro álbum, iniciado quando que tinham 15 anos (agora apesar da maturidade revelada em cada faixa têm 20 anos), nunca pensaram que saísse das respectivas paredes dos seus quartos. É provavelmente essa humildade que explica o aspecto despido, sincero e despretensioso com que o álbum foi construído. Notável é a forma como garantiram que essa marca se mantivesse e transferisse para o segundo álbum, apesar de já conscientes do impacto e sucesso do primeiro.
 
Simples e cúmplice, a musica dos XX preenche espaços vazios com uma elegância rara nos anos que passam. Para quem tinha saudade de um álbum que se ouve do principio ao fim, sem querer avançar uma faixa que seja, tem nos dois discos dos XX uma excelente oportunidade para se saciar… sem pinga de saudosismo, muito pelo contrário, desbravando fronteiras muito actuais quando não futuristas de tão inovadoras.