Sete temas macro que condicionarão o mercado nos próximos meses

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Leo Reynolds, Flickr, Creative Commons

Pode-se argumentar que 2016 tem sido um ano propício para as estratégias macro... ainda que tenha sido difícil identificar as mais corretas, num contexto de incerteza. O GS Global Strategic Macro Bond Portfolio é um produto macro puro da Goldman Sachs AM que ostenta a classificação de Blockbuster Funds People. A sua equipa de gestão faz um balanço das estratégias que melhor e pior funcionaram no ano passado, bem como das suas previsões para 2017, ano que promete também ser muito mexido.

O que funcionou e o que não funcionou

Numa rápido repasso aos eventos que marcaram 2016, alguns dos temas macro que sublinha a equipa de gestão do GS Global Strategic Macro Bond Portfolio têm sido os máximos do dólar, a exuberância dos mercados depois da eleição de Trump, o excesso de pessimismo em torno da economia britânica, o regresso da inflação e a continuidade da divergência monetária entre os EUA e a Europa. Estas são as estratégias que contribuíram positivamente para a rentabilidade do fundo:

  • As posições em dívida soberana e swaps foram as que trouxeram mais rentabilidade, com apostas como a conjugação de posições curtas em obrigações britânicas ligadas à inflação com posições longas em obrigações nominais, ou as posições que lucram com a inclinação da curva de yields na Europa e Japão, assim como posições longas em inflação japonesa.
  • As posições em créditos hipotecários líquidos também contribuíram para a rentabilidade, especialmente as posições longas (via derivados) em hipotecas garantidas pelas agências norte americanas.
  • Na parte de Cross Macro, funcionaram ideias como a aposta numas condições financeiras mais restritivas nos EUA em comparação com na Ásia, longas em euros/curtos em yenes versus posições de valor relativo entre ativos correlacionados com as taxas de juro, assim como o ajuste das condições financeiras nos EUA em comparação com a Europa. A implementação da ideia de condições financeiras mais restritivas na Suécia frente ao resto Europa retirou parte da rentabilidade positiva.
  • Também obteve frutos o posicionamento em dívida emergente, graças às posições longas em dívida local do Brasil, Colômbia, Rússia e África do Sul. Parte da rentabilidade positiva foi diluída pelas posições longas em dívida local do México e as posições curtas na Hungria e na Malásia.
  • Por países, as ideias com melhores resultados foram a posição de valor relativo em taxas de juro, com posições longas na Europa e curtas no Reino Unido, EUA e Japão, ou posições longas no Canadá vs curtas nos EUA. Obtiveram resultados medíocres nas posições longas em dívida periférica (Itália e Espanha) e as longas no Canadá/curtas na Suécia.As posições que mais danificaram a rentabilidade da estratégias foram as apostas em divisas e a própria cobertura do fundo, que estava curto no S&P 500. As apostas em divisas que não funcionaram foram as longas na coroa sueca, peso mexicano, zlotys polacos e ringgits malaios, e os curtos em yenes. Parte da rentabilidade negativa foi compensada pela posição curta em euros e longa em rublos, reais brasileiros e coroas norueguesas.

As posições que mais danificaram a rentabilidade da estratégias foram as apostas em divisas e a própria cobertura do fundo, que estava curto no S&P 500. As apostas em divisas que não funcionaram foram as longas na coroa sueca, peso mexicano, zlotys polacos e ringgits malaios, e os curtos em yenes. Parte da rentabilidade negativa foi compensada pela posição curta em euros e longa em rublos, reais brasileiros e coroas norueguesas.

Perspetivas para 2017

A equipa do GS Global Strategic Macro Bond Portfolio acrescenta em seguida sete temas macro que condicionarão os mercados durante este ano, começando pela política norte-americana: “Esperamos que 2017 marque o começo de uma mudança de regime. Acreditamos que o antecipado ajuste da política monetária não afectará a economia nacional, mas provavelmente terá efeito contágio sobre a economia global”.

A incerteza ocupa o segundo tema macro: “O ajuste marcado no equilíbrio do sentimento sobre a globalização a nível internacional aumenta o risco de que aconteçam mais mudanças de regime também noutros países, particularmente na Europa”.

Quanto a reações de mercado, indicam como movimento mais destacado a forte subida da yield das obrigações, uma tendência que esperam que se prolongue em 2017. “As taxas de juro em alta, particularmente nos EUA, contiveram-se muito em relação às expetativas de que se produza um gasto fiscal significativo, da incerteza em torno dos efeitos do protecionismo e a redução do gap de produção, todos eles inflacionários”.

Paralelamente, na Goldman Sachs AM mostram a sua expcetativa de que se possa desenvolver no futuro “um contexto mais favorável para as empresas, com impostos mais baixos e menor regulação, que poderá estimular o crescimento económico e apoiar taxas de juro mais altas”. Neste contexto, a sua previsão é que a Fed “embarque num ritmo mais hawkish” de subidas de taxas de juro por duas razões. A primeira, “a mudança na liderança, que tem sido bastante dovish nos últimos anos”; a segunda, “uma necessidade menor de uma forte intervenção monetária, dado o aumento dos estímulos fiscais”.

Em linha com prognósticos anteriores, o seguinte tema macro é o momento do dólar: “Embora acreditemos que não é tão sensível à política esperada do presidente Trump como as taxas, as pressões inflacionistas, um crescimento mais alto e as taxas mais elevadas deverão contribuir para o fortalecimento contínuo da divisa”. Um dólar mais forte será, por seu turno, problemático para os emergentes, “particularmente na Ásia”.

Também esperam um aumento da volatilidade em 2017. O facto dos republicanos voltarem a controlar a Casa Branca, o Congresso e o Senado torna provável “qualquer tipo de mudança”, embora exista “uma incerteza substancial em torno da implementação e efeitos das políticas de Trump”. Os principais focos de incerteza são as promessas da campanha, os gastos públicos e o protecionismo, pelo seu impacto sobre a inflação, sobre o crescimento e sobre outras economias.

A última previsão da Goldman Sachs AM é de que vão aumentar os prémios de risco: “Dado o amplo leque de possíveis resultados económicos nos EUA e globalmente, no curto e longo prazo, acreditamos que os investidores provavelmente continuarão a divergir nos seus cenários principais. Vemos esta ruptura do consenso como um momento oportuno para gerar alfa”.