Sete rácios que indicam se a bolsa norte-americana está cara ou barata

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Steambadger, Flickr, Creative Commons

As ações americanas são, segundo os dados da Lipper, uma classe de ativos que este ano está a perder o interesse dos investidores. Tem perdido tração perante a crença dos investidores de que a Bolsa dos Estados Unidos está cara, tanto em termos históricos, como relativamente a outros mercados de ações. Os máximos alcançados pelo S&P 500 e os seis anos consecutivos de subidas ininterruptas são factores que contribuíram para contrair o investimento. Mas... quão cara ou barata negoceia realmente a bolsa americana? Para responder a esta questão a equipa de analistas da J.P. Morgan Asset Management analisou este mercado tomando como referência sete rácios ou múltiplos que permitem ao investidor estimar, a partir da objetividade que os números ditam, em que níveis se encontra atualmente a maior bolsa de valores do mundo comparativamente com os seus níveis históricos. 

O rácio mais conhecido para os investidores é o PER. Este mostra que o S&P 500 negoceia atualmente a 16,8 vezes. A média dos últimos dez anos é de 13,8 vezes e a dos últimos 25 anos de 15,7 vezes. Tendo em conta este único múltiplo, não restam dúvidas de que os Estados Unidos estão a negociar acima da sua média histórica. O mesmo acontece quando se analisa o CAPE ou PER de Shiller, ou seja, o rácio que mede a relação entre o preço atual do índice e o lucro líquido real médio das empresas que o integraram durante os últimos dez anos. Observa-se que este negoceia atualmente a 27,1 vezes, muito acima das 22,9 vezes da média dos últimos dez anos e também acima da média dos últimos 25 anos (25,4 vezes). Assim, de um ponto de vista de análise de ambos os múltiplos, não restam dúvidas de que a bolsa norte-americana estará a negociar cara face à sua média histórica.

No entanto existem outros rácios que convém ter em conta para fazer uma análise mais profunda. Os mais conhecidos são o Price to book e o Price to cash flow. O primeiro mede o preço a que negoceia a empresa face ao seu valor contabilístico e, aplicado ao S&P 500, mostra que atualmente negoceia a 2,8 vezes. Neste caso, ao comparar-se com a média a dez anos, a bolsa norte-americana estará a negociar a acima (2,4 vezes), mas ligeiramente abaixo se se tiver como referência a média a dez anos (2,9 vezes). No que diz respeito ao Price to cash flow, que mede o preço ao qual negoceia o mercado relativamente aos fluxos de caixa gerados pelas empresas que integram o índice, é demonstrada de novo uma sobrevalorização do mercado americano (atualmente negoceia a 11,9 vezes face às 9,7 vezes que a média a dez anos reflete, e as 11,3 vezes a 25 anos ).

Analisando a rentabilidade por dividendo do S&P 500, que atualmente é de 1,9%, verifica-se que está muito em linha com a sua média histórica a dez anos (2%) e a 25 anos (2,1%). O Real Earning Yield do S&P 500, que mede o lucro por ação dos últimos 12 meses face ao preço a que negoceia a ação da empresa em bolsa, está neste momento nos 4%. Face à media histórica a dez anos está baixo (4,5%), embora relativamente à média dos últimos 25 anos esteja alto (3%). O sétimo e último múltiplo analisado pela J.P. Morgan é o EY Spread, ou seja, a diferença entre a TIR das ações e das obrigações (calcula-se com a yield dos lucros das estimativas de consenso dos analistas do lucro por ação a 12 meses, restando a rentabilidade das obrigações corporativas, neste caso, a TIR do índice de Moody’s Baa). Durante os últimos 25 as obrigações têm pago uma TIR maior do que a das ações. Hoje esta é de 1,4%.

Fonte: Standard & Poor’s, FactSet, Robert Shiller, FRB, J.P. Morgan AM.