Será 2017 o ano das ações europeias?

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Cedida

As nossas previsões para as ações europeias são muito mais favoráveis em 2017, quando comparadas com as dos últimos anos. A melhoria da economia global é uma realidade, pelo que esperamos que o mercado se concentre nos catalisadores fundamentais após um 2016, para dizer a verdade, bastante temático. É inegável que os fundamentais das ações europeias estão a melhorar; de facto, pudemos observá-lo perfeitamente durante a época de resultados do último trimestre do ano passado, o que fez com que o investidor europeu desafiasse a aversão ao risco.

O mercado europeu está a demonstrar uma tendência mais favorável na revisão dos lucros e tudo parece indicar que continuará assim durante o resto do ano. As margens começam a aumentar graças a um contexto macroeconómico sólido, uma melhoria da capacidade de fixação de preços e à recuperação global do investimento em certos setores. O crescimento é generalizado e o aumento no comércio e nas exportações à escala mundial deverá dar um impulso ao crescimento do PIB na zona euro. Embora consideremos que uma boa parte destes dados é positiva, não podemos esquecer os riscos que podem afetar a Europa, sobretudo no plano político, ainda que consideremos que alguns processos eleitorais podem transformar-se em impulsionadores positivos de mudança. Prevemos que os investidores vão repensar o perfil risco/remuneração e que vão aumentar a sua revisão desta classe de ativos, logo que se dissipe o risco político.

É verdade que, durante o ano passado, os investidores reduziram consideravelmente as suas posições em ações europeias, como resposta, em certa medida, aos sobressaltos políticos. Vários investidores, além disso, mostraram-se animados com os resultados das sondagens, realizadas a uma escala mundial, que os encorajaram a realizar posicionamentos subponderados no velho continente. As mazelas do brexit e as suas consequências ainda não cicatrizaram. Apesar destas preocupações e de um 2016 algo complicado, consideramos que este ano representa uma oportunidade para os investidores a longo prazo beneficiarem de qualquer tipo de volatilidade a curto prazo.

Desde a segunda metade do ano, vimos como o crescimento europeu se reforçou de maneira constante, e começa agora a ver-se impulsionado pelo aumento inesperado do comércio mundial. Ainda que a um nível reduzido, a atividade económica de França recuperou até se situar junto da Alemanha e de Espanha como motores de crescimento. Além disso, os últimos dados económicos de Itália representam outra notícia positiva, uma vez que refletem uma ligeira melhoria após vários meses com uma certa preocupação. O índice PMI composto pela zona euro tem acelerado nos últimos meses, alcançando o nível máximo em seis anos, e a expansão está a ganhar força em todas as regiões.

O mais positivo para as ações, até agora, tem sido a mudança de rumo nas revisões dos lucros, que alcançaram o nível mais alto dos últimos cinco anos. Desta vez, a melhoria dos lucros responde ao aumento nas vendas, mais do que às iniciativas de redução de custos.

Acreditamos que as valorizações das ações no velho continente continuam a ser interessantes, em comparação com as de outros mercados desenvolvidos. Consideramos que a Europa representa um argumento de investimento de valor, dado que conta com preços mais acessíveis do que outras regiões e classes de ativos, e está atrás dos Estados Unidos no que diz respeito a lucros e margens. Neste sentido, e em jeito de conclusão, gostaríamos de fazer duas pequenas observações que refletem claramente que 2017 pode ser o ano da ações europeias:

  1. Hoje em dia, as valorizações na Europa continuam inferiores às dos Estados Unidos, ainda que o mercado de ações norte-americano tenha uma composição distinta. Portanto, pensamos que, em termos relativos, a Europa continua a oferecer valorizações mais atrativas.
  2. Quanto aos retornos, existe um claro desnível entre as valorizações implícitas derivadas da rentabilidade através de dividendos face às yields de obrigações.