Selecionadores portugueses de fundos estão a “abandonar” as obrigações?

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Maxime Guilbot, Flickr, Creative Commons

Num  artigo recente da Expert Investor Europe, a publicação escreve sobre uma recente tendência que entendem denotar-se ao nível da seleção de fundos no mercado nacional.

“Muitos selecionadores de fundos na Europa têm-nos referido que durante os últimos dois anos iriam diminuir as posições detidas em obrigações. Como o bull market das obrigações continuou inabalável até aos dias de hoje, poucos foram os que efetivamente o fizeram”, indicam. Portugal é neste contexto apontado pela publicação como um país que “acatou a mensagem” e saiu da norma.

Muito embora refiram que dentro do universo europeu Portugal apresenta apenas 7% dos ativos investidos em ações, com as obrigações soberanas a comporem quase um terço dos ativos totais, os selecionadores de fundos nacionais “começaram a desqualificar os fundos de obrigações”. Segundo o inquérito realizado pela Expert Investor Europe “cerca de um quarto dos selecionadores portugueses já não têm exposição a obrigações, desde maio do ano passado, o que compara com a média pan-europeia atual, que é de 15%”.

E para onde está a ir o dinheiro “retirado” das obrigações?

Segundo a publicação, o dinheiro desinvestido nas obrigações foi redirecionado para as ações europeias. “Alguns selecionadores de fundos dos cinco maiores bancos do país referiram-nos que estão num processo de passagem de dinheiro das posições em obrigações para as ações europeias”, pode ler-se. O estudo da entidade indica ainda que os profissionais portugueses responsáveis pela seleção de fundos de investimento esperam um claro impulso nos mercados de ações proveniente do QE, “embora duvidem que o programa possa chegar à economia real, considerando os atuais baixos níveis de taxas de juro”.

O inquérito realizado demonstra também que quase 6 em 10 compradores de fundos planeia aumentar a exposição às ações europeias, enquanto apenas 8% quer reduzir essa alocação. “Esta é uma grande mudança desde outubro, altura em que 20% tencionava vender algumas das posições em ações europeias”, dizem.  

Retorno Absoluto: uma alternativa no mundo das obrigações

Outra das conclusões referidas pela publicação é o espaço ganho pelos produtos de retorno absoluto no mercado nacional. “Cerca de 36% dos entrevistados dizem planear aumentar a sua exposição a estratégias de retorno absoluto durante os próximos 12 meses, enquanto quase nenhum dos questionados fala de uma diminuição”, referem.