Rotação média da carteira: quais os fundos mais ativos neste campo?

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zeRi.XIV.III, Flickr, Creative Commons

Os dados presentes na CMVM evidenciam que a rotação média das carteiras dos quase 200 fundos de investimento portugueses se situava nos 231%, no final do ano passado. De acordo com a definição presente na entidade reguladora, “a rotação média da carteira respeita ao valor verificado no último ano civil completo do fundo de investimento e dividido pela média do valor líquido global do fundo nesse ano. A aquisição e a alienação de ativos geram custos de transação que são suportados pelos fundos de investimento”.

Das quase duas centenas de produtos com informação publicada pela entidade reguladora, o ES Obrigações Europa, da ESAF, é o produto com maior rotação média da carteira – 3739% - no período em análise. O fundo gerido por Vasco Teles, tem uma taxa global de custos de 1,46%. Em termos de rendibilidade, o produto ofereceu nos últimos doze meses (a 31 de outubro) 7,78%.

O fundo ES PPR, também gerido pela ESAF, é o produto que se segue nesta análise com uma rotação média de 3415% e uma rendibilidade nos últimos doze meses de 9,47%, sendo este gerido por David Dias.

A fechar a lista dos “3 mais” vem o Santander Global, gerido pela Santander Asset Management com uma rotação média da carteira a situar-se em 1683% e uma rendibilidade nos doze meses anteriores a 31 de outubro de 3,33%.

A explicação pela voz dos gestores

Para os dois gestores de fundos da ESAF, Vasco Teles e David Dias, os valores altos da rotação média da carteira são explicados em duas dimensões: o regulamento e ainda a abordagem da gestão. “Os regulamentos destes fundos permitem - através de valores mobiliários derivados, como futuros, opções e CDS - alavancar ou cobrir até 100% do valor dos activos mobiliários em carteira, desde que respeitado os limite legais de investimento respectivos”, explicam. Isto é, os produtos podem alavancar até 100% e cobrir a totalidade da sua carteira, para depois voltarem à sua posição inicial num espaço de tempo reduzido.

Sobre a abordagem de gestão, ambos os gestores especificam que existem “poucos riscos diferentes em carteira”, chegando a ter apenas “três riscos soberanos distintos -  e os que temos concentramos em um ou dois títulos no máximo”. A elevada rotação relaciona-se com a forma como se “aborda a gestão destes produtos”, já que as posições são alteradas “com frequência, sendo que é habitual fazermos trocas de risco que possam pesar 10, 15 ou mais pontos percentuais, criando, ao longo do tempo, uma rotação elevada por esta via”, descrevem.

A gestão da taxa de juro é, por último, um dos factores principais para rotação média registada. “Temos, numa base diária, posições abertas em futuros para alavancar ou cobrir a nossa exposição ao risco de taxa de juro, consoante a nossa percepção de riscos de mercado, posições que podem ser invertidas ou não durante a mesma sessão e que, tipicamente, são fechadas no próprio dia”, concluem.