Robótica: oportunidades e armadilhas que esta temática oferece aos investidores

Robo robotics
jodibparker, Flickr, Creative Commons

Realiza-se esta semana em  Madrid a Feira Internacional de Robótica, evento que se celebrará no Pabellón de Cristal da Casa de Campo nos dias 2,3 e 4 de fevereiro. É um evento inevitável para Karen Kharmandarian, que tem este evento marcado no calendário. Como gestor do Pictet Robotics, esta feira ajuda-o a perceber tendências e oportunidades de investimento. Kharmandarian é daqueles que acredita que nos encontramos no princípio  da democratização dos sistemas robóticos. Várias mega tendências proporcionam o suporte, como a demografia, pois à medida que as taxas de natalidade caem e as populações envelhecem é preciso aumentar a produtividade. Desde a década dos anos 60 a robótica foi-se introduzindo com maior celeridade nas indústrias, com inovações cada mais disruptivas. Na verdade, o desenvolvimento da inteligência artificial já implica interação com humanos, com perspetivas de crescimento que são cada vez mais atrativas para os investidores.

Em 2009 venderam-se 60.000 robots no mundo e em 2015 quatro vezes mais. Para 2019 a Federação Internacional de Robótica prevê que haverão 2,6 milhões de robots industriais industriais instalados globalmente, um milhão mais do que em 2015. O Boston Consulting Group estimava há dois anos um crescimento nestas indústrias de 10% anual e mais recentemente a Tractica antecipava cerca de 36% para os próximos cinco anos. Em qualquer caso, representa menos três a quatro vezes mais do que o crescimento da economia global, facilmente superável dados os novos produtos e serviços que estão por chegar ao mercado. Para além disso, o aumento do poder de cálculo, algoritmos e inteligência artificial veem acompanhados de menores custos e uma nova geração de robots mais pequenos, capazes, seguros, autónomos e móveis, com aplicações mais além dos sectores tradicionais de indústrias, em agricultura, logística, educação e finanças.

Ao mesmo tempo, o gestor da Pictet AM considera que os avanços na compreensão da linguagem natural e a sua geração mudarão de forma a interatuar nos próximos três anos, com assistentes pessoais inteligentes como a Siri da Apple, que rapidamente substituirão os smartphones. A isso acrescentam-se as tecnologias de apoio, com sistemas de visão artificial – onde se destaca a empresa norte-americana Cognex e a sua homóloga japonesa Keyence – e compreensão e geração de linguagem – onde se destaca a Nuance Communications.

Mas a robótica também traz desafios. Em algumas temáticas dentro da robótica não existem muitas oportunidades e, portanto, poderão ser consideradas como armadilhas para os investidores. “Um segmento difícil é o dos veículos autónomos e os drones comerciais, devido a que os requisitos de pureza na exposição ao tema excluem os grandes fabricantes de componentes, como a Delphi nos EUA e a Denso no Japão. Mas uma empresa como a israelita Mobileye é líder no desenvolvimento de algoritmos para sistemas de câmaras e mapas em tempo real”. No que respeita os robôs pessoais, o gestor também vê poucas oportunidades, já que as aplicações comerciais ainda não estão disponíveis.