Revisão ao Legg Mason Western Asset Macro Opportunities Bond: análise de resultados, visão de mercado e principais convicções

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O Legg Mason Western Asset Macro Opportunities Bond é o fundo estrela da Legg Mason, que conta com duplo Selo Funds People em 2020 pela sua classificação de Favorito dos Analistas e Blockbuster. O produto, gerido por Ken Leech, gerou no ano passado uma rentabilidade em torno dos 17% em termos líquidos.

“A nossa estratégia de investimento de 2019 foi baseada em duas temáticas centrais de investimento. A primeira delas baseava-se na hipótese de o crescimento tanto nos EUA como à escala mundial mostrar resistência. A segunda, na hipótese das políticas monetárias à escala mundial, e especialmente a americana, terem de adotar um cariz muito mais acomodatício. Se estiver certo, os “sectores spread” vão ultrapassar largamente a dívida pública”, explica à Funds People Joe Filicetti, especialista de produto da Western Asset. O seu controverso prognóstico do início do ano de que os bancos centrais vão aplicar políticas mais acomodatícias também se tornou realidade, o que apoiou a estratégia.

Um dos argumentos que deu forma às previsões económicas de Leech foi a firme convicção de que a inflação se manterá em níveis muito contidos e que o processo de normalização da mesma – que deve preceder a normalização das taxas de juro – não só terá uma duração mais do que considerável, mas que também exigirá a aplicação de estímulos monetários de forma sustentada. “O risco de uma queda de mercado no caso de o crescimento económico vacilar levou os bancos centrais a centrarem-se de forma mais direta nos objetivos de inflação”, afirma Filicetti.

Nos EUA, a equipa acredita que a Fed adotou, em essência, uma abordagem baseada na inflação real, em vez da prevista. “A flexibilização da política monetária em três ocasiões, num contexto em que as previsões de inflação continuavam a situar-se abaixo do objetivo – ao mesmo tempo, o PIB, a taxa de desemprego e as condições financeiras (com um mercado bolsista em máximos históricos) tinham impedido baixar as taxas anteriormente -, constitui a prova definitiva de que os factos contam mais do que as palavras”.

Na Western Asset consideram que os spreads poderão voltar a oferecer a maior oportunidade no segmento de obrigações em 2020. “As nossas perspetivas para 2020 apontam para que a economia americana registe um crescimento  moderado com uma inflação em níveis anémicos. Este ano o crescimento à escala mundial caracteriza-se por um menor abrandamento. Na Europa, as nuvens de Itália e do Brexit parecem estar a dissipar-se. Não obstante, o sucesso desta previsão repousa em grande medida na evolução da China. Apesar de os “sectores spread” terem obtido uma rentabilidade excecional em 2019, acreditamos que a hipótese mais provável é que continuem a registar um comportamento superior face à dívida pública dos mercados desenvolvidos”, afirma.

Não obstante, os investidores em obrigações mundiais procuram rendimentos com afinco. “Os bancos centrais não voltarão a subir as taxas a curto prazo. Parece que a política monetária manterá o seu carácter acomodatício. Temos a esperança de que as perspetivas de crescimento económico vão melhorar lentamente. Isto sugere que o contexto para os sectores spread continuará a ser favorável”.

A carteira está posicionada para gerar um carry positivo e empregar a duração como contrapeso aos ativos de risco no caso de o crescimento ser menor que o esperado ou de que aconteçam outros resultados desfavoráveis. “Acreditamos que o crescimento moderado e o reduzido nível da inflação vão conter as taxas a mais longo prazo e que o contexto para obter carry poderá oferecer a melhor oportunidade para alcançar uma rentabilidade superior face à dívida pública”.

A posição da predisposição ao risco mais significativa encontra-se nos mercados emergentes, com especial ênfase em captar rendimentos reais elevados, posto que “os mercados desenvolvidos não oferecem semelhantes diferenciais de rendimento real. Em termos de avaliações, os rendimentos reais nos mercados emergentes continuam a ser interessantes e, atualmente, situam-se em média 170 pontos base acima dos mercados desenvolvidos”.

A dívida corporativa com classificação investment grade constitui a sua segunda exposição ao risco de maior envergadura. “Continuamos a priorizar os bancos norte-americanos e acreditamos que existe margem para que os spreads se ajustem mais. Em geral, preferimos a estabilidade dos cash flows dos títulos com classificação investment grade face aos de alto rendimento no caso de o crescimento e a economia abrandem. Portanto, a nosso ver, os principais catalisadores do posicionamento continuarão a ser o crescimento e a inflação e, atualmente, observamos que ambos os parâmetros se situam em níveis moderados, pelo que o nosso posicionamento contempla que os produtos spread vão obter rentabilidades superiores à dívida pública”, conclui.