Ressaca eleitoral na Escócia: que ativos podem ser beneficiados?

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Lawrence OP, Flickr, Creative Commons

Finalmente, o “não” venceu o “sim” na Escócia, com os vencedores a atingirem os 55% contra os 45% que queriam a independência do país. Depois da ressaca eleitoral, o economista Azad Zangana, da Schroders, comentou que a “notícia irá trazer um alivio tanto para os investidores como para os mercados financeiros, que se refletiu no início da manhã do dia 19 de setembro com a libra esterlina a crescer em relação ao dólar e ao euro”.

No entanto, o especialista considera que o facto de a Escócia continuar a fazer parte do Reino Unido” vai fazer com que os investidores de longo prazo tenham em mente o risco de secessão e que poderá exigir um prémio de investimento em obrigações, na Escócia, no futuro”.

Zangana também coloca no contexto esta consulta em relação ao referendo, com o governo conservador britânico a defender a sua vitória nas urnas no próximo ano: “O facto de a Escócia continuar dentro do Reino Unido também reduz o risco de que este saia da UE, embora esse risco ainda seja considerável”. Os residentes escoceses estão mais a favor de permanecer na UE, em comparação com o resto do Reino Unido, onde a maioria está a favor da saída. “Em geral, evitaram-se transtornos graves e agora podemos centrar-nos em voltar a trabalhar para uma sólida recuperação económica. É provável que o Banco de Inglaterra siga em frente com a subida das taxas de juro no início do próximo ano, de modo a erradicar a incerteza política”, conclui Zangana.

Paras Anand, diretor de ações europeias da Fidelity Worldwide Investment, julga que o “êxito final da campanha pela união britânica pode fazer-se com uma reconsideração dos votos contra a independência como um voto de auto-governo, sublinhando o facto de, com a emoção da eleição, a discussão entre os dois lados foi muito mais próxima do que se queria admitir”. Na sua opinião, e tendo isto em conta assim como o possível referendo no Reino Unido sobre a permanência do país na União Europeia, “poderíamos esperar um longo período de debilidade na libra, sobretudo em relação ao dólar”.

Neste ponto, a visão da gestora é positiva. “Pensamos que esta situação seria uma boa notícia para o setor empresarial no Reino Unido, dada a grande proporção de receitas e de lucros provenientes do estrangeiro e, portanto, beneficiaria o mercado em geral. Por outro lado, enquanto este ambiente de instabilidade política for dominante, é difícil ver de forma o Reino Unido poderá experimentar algo mais do que um modesto incremento das taxas de juro a curto prazo, nos próximos anos, o que deverá, em qualquer caso, ser benéfico para a economia doméstica em todo o seu conjunto”, explica Anand.