Em 2019, na maioria dos mercados acionistas verificou-se uma valorização entre 20% e 30%. O desempenho das obrigações europeias, governamentais e corporativas, também foi muito positivo, sendo que os fundos de pensões que investem em obrigações de longa duração, em linha com a duração das suas responsabilidades, obtiveram rentabilidades de dois dígitos.
De acordo com o nosso estudo, efetuado trimestralmente, que abrange 75% do mercado, a rentabilidade média dos fundos de pensões portugueses em 2019 foi de aproximadamente 8.2%. Embora seja uma rentabilidade modesta tendo em conta a evolução dos mercados no ano transato, as carteiras dos fundos de pensões em Portugal têm, em média, alocações limitadas a ações e obrigações de longo prazo. Assim, 8.2% acaba por ser uma das melhores rentabilidades de sempre para os fundos de pensões portugueses, que se compara com uma média de 3.7% nos últimos 15 anos (fonte: OCDE). Este valor médio esconde no entanto, a dispersão significativa de desempenhos obtidos (ver gráfico abaixo).
Após um ano de excelentes rentabilidades e tendo em consideração que a maior parte dos planos de pensões de benefício definido se encontram fechados (as empresas tendem a oferecer agora planos de pensões de contribuição definida aos seus colaboradores), algumas empresas terão ficado surpreendidas pela deterioração no nível de financiamento dos seus fundos de pensões. Esta deterioração deve-se ao facto das taxas de juro de obrigações europeias, que são refletidas na definição das taxas de desconto utilizadas no cálculos das responsabilidades, terem descido significativamente. Uma vez que a maior parte dos fundos de pensões portugueses não têm a duração dos seus ativos financeiros alinhada com a duração das suas responsabilidades, esta redução nas taxas de juro resultou num aumento significativo das responsabilidades, entre 10% e 15% na maior parte dos casos, sem um aumento equivalente nos ativos financeiros (apenas 8.2%). Os fundos de pensões continuam assim a ser uma fonte de volatilidade no balanço de muitas empresas portuguesas.
Para 2020, consideramos como prioritárias as seguintes ações:
- Revisão da política de gestão do risco de taxa de juro e inflação de modo a evitar perdas similares às experienciadas no ano de 2019. Embora as taxas de juro estejam já muito baixas, não podemos ignorar o risco de poderem continuar a descer.
- Diversificação das fontes de rendimento. Diversificação é a maneira mais simples de controlar a volatilidade e é especialmente relevante agora que os mercados de ações e obrigações se encontram muito elevados.
- Monitorização próxima do desempenho dos gestores de ativos. É importante que a análise do desempenho dos gestores de ativos seja feito de maneira sistemática. Para tal, é necessário estabelecer objetivos claros para a gestão do fundo de pensões e ter mecanismos que permitam identificar a rentabilidade que resulta do mercado e o valor acrescentado dos vários gestores.