Rajesh Tanna (J.P. Morgan AM): “As ações europeias são uma classe de ativos extraordinariamente atrativa”

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“As ações europeias são uma classe de ativos extraordinariamente atrativa”. É a categórica afirmação realizada por Rajesh Tanna, gestor de carteiras na J.P. Morgan Asset Management, no International Media Summit que todos os anos a entidade organiza e que este ano se celebrou de maneira virtual devido à pandemia. São quatro as razões que permitem a este especialista chegar a esta conclusão: é uma classe de ativos barata, que ninguém quer, com empresas de qualidade, internacionalizadas e com sede numa região, na Europa, onde a perceção dos investidores estrangeiros está a melhorar graças ao passo em frente que deu o bloco comunitário ao nível de estímulos fiscais e recursos económicos para conter os efeitos da crise do coronavírus.

1) Percentagem de cashflow que estão a gerar as empresas europeias. É o primeiro ponto que menciona Tanna na sua apresentação. “As empresas europeias estão a obter, em média, um cashflow livre de 6%. É uma percentagem que situa o mercado de ações europeu como um dos mais interessantes do mundo. Se compararmos a rentabilidade que oferece investir em ações europeias com a yield negativa com que negoceiam os bunds, apercebemo-nos de que, a longo prazo, as ações europeias são um dos melhores lugares nos quais podes investir o teu dinheiro”, assegura o gestor.

2) Valorização. Para Tanna, as ações europeias são uma classe de ativos barata. “Os fundos de ações europeias registaram saídas no valor de 240.000 milhões de euros. O facto de ter sido durante os últimos anos uma classe de ativos menos popular, torna-a atrativa de um ponto de vista de valorização”. Ainda que as ações americanas se tenham comportado melhor nos últimos anos, o especialista indica que isto tem outra leitura. “Não são os EUA contra a Europa, mas as tecnologias americanas face ao resto do S&P 500 e face ao resto do mundo. Se excluirmos o setor tecnológico americano, a Europa e os EUA comportaram-se de forma muito parecida”.

3) Qualidade do mercado. Uma das grandes transformações que registaram as ações europeias nos últimos anos reflete-se nos seus índices. “Hoje, entre 50% e 60% do mercado é formado por valores de consumo, saúde e tecnologia. Antes, este peso era ocupado por empresas financeiras, de energia e operações de telecomunicações. A qualidade das empresas aumentou. Além disso, em geral, a Europa é a melhor região para se expor ao crescimento global. 55% das receitas que geram as empresas europeias provêm de fora do continente. Isto é fantástico. Podemos eleger a que temáticas queremos estar expostos”, sublinha.

4) Visão da Europa por parte do investidor estrangeiro. Para o gestor da J.P. Morgan AM, a perceção da Europa melhorou substancialmente a raiz desta crise. “Já não se fala do auge dos populismos, nem da rotura do euro... A região deu um passo em frente no momento de pôr em cima da mesa os recursos económicos e estímulos fiscais necessários para enfrentar conjuntamente os efeitos da COVID-19, o que representa um grande catalisador para o seu mercado de ações. O apoio que está a ser sentido nesta crise nunca foi mais forte”, conclui.