“Quo Vadis”, Banco Espírito Santo?

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Walt Stoneburner, Flickr, Creative Commons

Depois de terem adiado os resultados do primeiro semestre em cerca de uma semana, o Banco Espírito Santo (BES) apresentou ontem as suas contas, com o natural destaque para os prejuízos do banco a atingiram os 3.577,3 milhões de euros, em grande parte devido ao segundo trimestre do ano (3.488,1 milhões). Segundo o relatório publicado pelo banco agora liderado por Vítor Bento, “Os resultados do Grupo BES no primeiro semestre de 2014 foram significativamente influenciados pelos seguintes fatores de natureza excecional: (i) constituição de provisões para fazer face à exposição perante as empresas do Grupo Espírito Santo; (ii) anulação de juros incobráveis sobre crédito concedido no BES Angola (BESA) e constituição de provisões para contingências fiscais nesta filial; (iii) agravamento do risco da carteira de crédito; (iv) reconhecimento da imparidade na participação na Portugal Telecom”.

Após terem sido conhecidos os resultados dos primeiros seis meses do ano, o CEO da entidade emitiu um comunicado que intitulou de “Plano do BES para o Futuro”. De acordo com o documento, “estes resultados foram significativamente impactados por eventos extraordinários não recorrentes. Dependendo apenas da sua atividade corrente, o Banco teria registado um resultado liquido negativo de 255,4 Milhões de euros”. Destaque ainda para um “aumento de capital do banco” a efetuar, para que rácio de capital do banco (Common Equity Tier 1) aumente o seu valor já que agora se situa “em 5,0%, o que é inferior ao mínimo regulamentar”.

Vítor Bento revela ainda que a “equipa de gestão já iniciou a preparação de um Plano Estratégico de Restruturação do Banco visando a sua adequação à nova realidade do negócio bancário, nomeadamente em Portugal”.

Ativos sob gestão ultrapassam os 17 mil milhões

Mesmo com o pior resultado da sua história secular, nem tudo correu mal nos primeiros seis meses do BES. Segundo o comunicado publicado na página do regulador, os ativos sob gestão no segmento da gestão de ativos cresceram 8,3% para os 17.027 milhões de euros. “O aumento dos ativos sob gestão, face ao final do ano de 2013, nos fundos de investimento mobiliário (+16,8%) e nos fundos de pensões (+6,5%). Os fundos imobiliários apresentam uma redução de 6,6% em igual período. Na atividade internacional, de salientar o aumento dos ativos sob gestão no Luxemburgo (+28,9%) e em Espanha (+12,5%) representando em finais de junho um volume de 3,1mM€ representando, aproximadamente, 18% do volume global sob gestão”, segundo se lê no comunicado da instituição.

Recursos totais no private banking também crescem

O comunicado revela ainda que os recursos totais de clientes no private banking “registaram um crescimento de 1,9% face ao período homólogo (balanço: -2,5%; fora de Balanço: +1,9%). O crescimento de recursos foi moderado por uma tendência crescente de utilização dos mesmos para amortização de operações de crédito”.