Que mudanças regulatórias vão ter maior impacto no mercado de retalho europeu?

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European Parliament, Flickr, Creative Commons

Costuma-se dizer que depois da tempestade vem a bonança.  Depois do 'tsunami regulatório' a que o sistema financeiro se tem submetido nos últimos anos – com o duplo objectivo de proteger o investidor e evitar uma nova crise – parece que 2015 se apresenta como um ano mais tranquilo, pelo menos no que diz respeito à introdução de novas normativas. Mas qual está a ser o impacto real destas normas sobre o mercado de retalho europeu?

Segundo um questionário realizado recentemente pela Cerulli Associates, cujos resultados aparecem no número de dezembro do The Cerulli Edge-Gobal Edition, as instituições financeiras assinalam a MiFID II como a regulação com um maior impacto quanto a custos, seguindo-se a FACTA, a AIFMD, a UCITS V, a Solvência II, a RDR e a PRIIP. No entanto, no que diz respeito ao potencial de geração de lucros, a UCITS V é entendida como sendo a regulação mais importante, seguida da MiFID II, AIFMD, RDR, FATCA e Solvência II.

Depois de avaliarem o aumento dos custos associados à implementação destas medidas e o potencial de geração de lucros, pouco mais de metade dos questionados (53%) acreditam que as suas margens de lucro serão mantidas em 2015-2016, sendo uma percentagem de cerca de 30% a que acredita que se manterão em 2016-2017. Da mesma forma, enquanto que a percentagem de empresas que crê que as suas margens de lucro se vão reduzir em 2015-2016 é de 25%, a percentagem aumenta até aos 40% quando o prazo é 2016-2017. Ainda assim, entre um quarto e um terço dos questionados mostra-se otimista e considera que será capaz de aumentar as suas margens de lucro em ambos os períodos.

MiFID II e a gestão passiva

Apesar das empresas questionadas pela Cerulli se mostrarem divididas em relação ao impacto da MiFID II sobre a distribuição independente – cerca de 52% acredita que a diretiva europeia reduzirá a distribuição independente de fundos, enquanto que os restantes 48% não acredita que isso acontecerá. O consenso parece ser maior quando se fala de como é que esta norma afetará o crescimento dos produtos de gestão passiva. Quase três quartos dos participantes (73%) assumem que o aumento dos custos associados aos requisitos de informação impostos pela MiFID II vão provocar uma rotação moderada para os fundos de gestão passiva, face aos 25% que acredita no contrário.