Quatro temas para investir em ações norte-americanas durante a próxima década

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Suarez Leandro, Flickr, Creative Commons

Franklin Templeton Investments é uma gestora que sempre se destacou por um estilo a longo prazo, contrário à corrente dos mercados e com uma inclinação para o value... ainda que às vezes faça exceções: "A Franklin Templeton é uma casa que tradicionamente defendeu o estilo value, mas pensamos que, no caso dos EUA, faz mais sentido a aposta pelo growth", comenta Grant Bowers, gestor do Franklin U.S. Oportunities (classificado como Blockbuster Funds People).

O gestor identificou quatro grandes tendências de investimento em ações norte-americanas que estão nos seus primeiros estádios de desenvolvimento, pelo que pensa que podem ter projeção para investir em empresas relacionadas na próxima década. 

1. Demografia e saúde

O primeiro tema de que fala o especialista é a evolucão da indústria de saúde em função da demografia a nível global. Particularmente, destaca que "há uma classe média a florescer em países emergentes que exige serviços sanitários de maior qualidade e acesso à medicina". Segundo Bowers, "praticamente todas as farmacêuticas identificaram este aumento da procura na última década", pelo que este tema está bem estabelecido. 

A sua previsão para o futuro das farmacêuticas é que "também se imporá uma tendência de deteção precoce de doenças e de uma maior personalização das medicinas, bem como uma maior fabricação de fármacos para doenças mais concretas e adaptáveis por perfis de população". 

2. Comércio eletrónico

A segunda megatendência é o desenvolvimento e expansão do comércio eletrónico. Bowers dá alguns dados de contexto para compreender o potencial desta temática: "O e-commerce está nos primeiros dias de vida. Representa só 8,9% das vendas a retalho nos EUA, e desta proporção, a Amazon tem dois terços da quota". A expectativa da Franklin Templeton é que o uso de empresas que baseiam o seu negócio no comérico eletrónico cresca até 15% nos EUA e até 10% na Europa, onde agora representa apenas 5,6%. A isto vão juntar-se outros mercados de todo o planeta onde as vendas pela internet estão apenas numa fase embrionária. 

O comércio eletrónico leva de arrasto consigo a exposição ao investimento em logística e transporte. Tal como detalha Bowers, "o aumento da capacidade de investimento em logistica para acelerar a velocidade de entrega é o fator determinante para que estas empresas aumentem o seu volume de vendas". 

A sua terceira observação sobre o potencial desenvolvimento desta temática tem que ver com o incremento de stock disponível para venda: "Pensamos que no futuro se juntarão à quota de mercado novas categorias de produtos que se possam vender online, como por exemplo carros ou serviços sanitários". 

3. Revolução industrial 4.0

O terceiro tema é a revolução industrial da inteligência artificial. "Mais que o impulso dos robôs, referimo-nos ao desenvolvimento de software que está por detrás disso, como o big data, a computação preditiva ou a aprendizagem automática", esclarece Grand Bowers. O gestor identifica algumas das áres que se verão mais afetadas por este desenvolvimento tecnológico e industrial: consumo, ciência, transporte, indústria petroquímica, minas e cimento. "As empresas aumentam o seu investimento em tecnologia para aumentar a sua eficiência e produtividade, ou seja, para aumentar a sua rentabilidade e, portanto, aumentar as suas margens", detalha o gestor.

Este também se refere ao desenvolvimento da internet e das suas múltiplicas aplicações através de dispositivos e localizações: veículos, casas, escritórios, fábricas, lojas de vendas, acessórios (por exemplo, relógios inteligentes que permitem recolher dados biométricos), logística e navegação ou para melhorar os serviços públicos nas cidades. 

4. Gestão ativa vs gestão passiva

Bowers introduz como quarto tema o debate entre gestão ativa e gestão passiva. Ainda que defenda que "ainda existe uma grande oportunidade de gerar alfa para os gestores ativos", a sua postura é que "este debate é cíclico: os fundos ativos ou os passivos comportam-se melhor ou pior em distintos ambientes de mercado", dependendo se os investidores procuram alfa ou beneficiar das qualidades de ativos com beta alta. 

Para Bowers, a chave de uma boa gestão ativa reside "não só em encontrar boas empresas, mas também em evitar as empresas que não se quer; quando se compra o índice, tem-se todas as empresas". Dá como exemplo uma análise realizada a partir da rentabilidade do S&P 500 durante 2016: o índice terminou o ano passado com um retorno de 9,53%. Não obstante, se se tivesse retirado do índice os 50 valores com pior comportamento, então o retorno teria ascendido a 12,3%. Ao contrário, se se tivesse investido em todo o índice, exceto nos 50 valores mais rentáveis, então o retorno anual teria caído para 7,9%.

O posicionamento da carteira é outra ferramenta chave para o gestor ativo: "há valor na diversificação e na seleção de valores de alta convicção, porque permite capturar um equilíbrio ótimo entre rentabilidade e risco", conclui.