Quais as áreas fortes das duas gestoras internacionais que anunciaram recentemente a abertura de escritório em Espanha?

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Urrsula, Flickr, Creative Commons

Durante a semana passada foram duas as gestoras internacionais que anunciaram a abertura de escritório de representação em Espanha, passando assim a cobrir o mercado ibérico. Falamos da BMO Global Asset Management e da Neuberger Berman. A primeira nomeou Luís Martín como diretor de Vendas para Ibéria, enquanto que a segunda optou por Javier Núñez como máximo responsável da entidade para o mercado ibérico. Em ambos os casos os objetivos destas iniciativas são os mesmos: ter uma aposta clara no crescimento do negócio na região oferecendo um melhor serviço que permita aos seus potenciais clientes ter um conhecimento mais profundo tanto das gestoras como dos produtos que comercializam. A primeira a comunicar a sua chegada foi a Neuberger Berman.

Trata-se de uma gestora americana fundada em 1939 cujo capital está nas mãos dos seus colaboradores. A entidade conta com um volume de ativos sob gestão na ordem dos 27.000 milhões de dólares. Embora seja conhecida pelas suas estratégias de obrigações, a entidade também é muito conhecida pelos seus fundos de ações. Na verdade, o grosso do património que a casa gere divide-se praticamente em partes iguais entre as estratégias de ações (110.000 milhões) e de obrigações (110.000). Os 50.000 milhões restantes correspondem a fundos de gestão alternativa e private equity. No campo das ações, a casa é especialmente forte na gestão da bolsa americana – onde apresenta fundos de small caps, multi-caps ou que seguem uma filosofia value – bem como nas ações chinesas.

Nas obrigações, a entidade é especialmente conhecida ao nível da gestão de crédito, especialmente high yield. Também se destaca pela gestão de dívida emergente, depois de há dois anos e meio ter contratado a equipa de dívida emergente da ING IM (hoje NN Investment Partners). Nesta classe de ativos, a entidade conta com cinco estratégias (dívida emitida em divisa estrangeira, local, blend, corporativa e de curta duração). Também se destaca por ser um fundo UCITS de retorno absoluto com estratégias hedge. Dentro da parte de private equity destaca-se pelas estratégias alternativas em formato UCITS com liquidez diária (long/short, obrigações de retorno absoluto, contas geridas de hedge funds). Estes fundos têm aproximadamente 4.000 milhões em distintos veículos.

A BMO Global AM, por seu lado, é a gestora do Bank of Montreal, entidade com mais de 200 anos de história, com 47.000 empregados, e até agora apenas tinham negócio no Canadá e nos EUA. A entidade está  listada na bolsa de Nova Iorque e a sua capitalização bolsista ascende a 50.000 milhões de dólares. Recentemente, a entidade fixou o objetivo de crescer no resto do mundo. Por não ter veículos europeus nem capacidade de distribuição na Europa, em 2014 comprou a britânica F&C Investments. Com esta aquisição na Europa, aproveitou sinergias, e converteu-se numa entidade com 244.000 milhões de dólares em ativos sob gestão. Agora o objetivo que determinaram foi o crescimento na Europa, onde procuram converter-se num ator importante. Para além de Madrid, abriu também escritório em Estocolmo, e existem planos de fazer o mesmo em Itália. Também reforçaram as equipas da Alemanha e Suíça. Hoje contam com 24 escritórios em 14 países.

Do lado da F&C são mais fortes nas ações europeias, em convertíveis e em investimentos socialmente responsáveis, onde dispõe de uma gama de fundos ISR muito relevante. Também sobressaem as suas estratégias de gestão alternativa com liquidez diária (obrigações flexíveis, mistos flexíveis, long short). Para além da F&C, a BMO conta com várias boutiques especializadas: a BMO Real Estate Partners, a LGM Investments, a Monegy Pyrford International, a Taplin e a Canida & Habacht. Destas as mais relevantes são a LGM Investments e a Pyrford International. A primeira porque é uma boutique especializada em mercados emergentes (têm produtos globais de mercados fronteira) com produtos que se têm destacado pela sua consistência. A segunda porque conta com uma estratégia de retorno absoluto com mais de 20 anos de track record que, desde 1994, apenas teve um ano negativa. A empresa também comercializa ETF, dos quais estão a lançar versões UCITS que preveem trazer para o mercado espanhol.