Procura recorde na emissão sindicada de dívida desta quarta-feira

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A segunda emissão sindicada de dívida pública portuguesa em 2020 foi um sucesso. Depois dos 4,0 mil milhões de euros emitidos a 10 anos em janeiro deste ano, foram colocados no mercado esta quarta-feira 5,0 mil milhões de euros de dívida a 7 anos com uma taxa de mid swaps + 86 bps. "Esta ligeira subida do risco nacional, está em sintonia com o movimento a que assistimos em todas as dívidas soberanas. O mundo alterou-se devido ao Covid-19 o que resultou num aumento do risco em todas as classes de ativos. A procura por liquidez por parte dos investidores fez escalar as taxas nas dívidas soberanas, sendo que Portugal nesta fase, chegou a ver a taxa a 10 anos subir até aos 1,44%, situação que depois se reverteu. As intervenções por parte dos Bancos Centrais, seguidas posteriormente por medidas fiscais adotadas pelos governos, vieram trazer alguma calma aos mercados e ajudaram a reduzir o risco que estava a escalar em todas as geografias. O difícil é conseguir perceber de quanto irá ser o impacto na economia real e numa antecipação aos tempos difíceis que se avizinham, o Instituto de Crédito Público já anunciou que irá aumentar o programa de financiamento para este ano", comentou sobre a emissão Filipe Silva, Diretor da Gesão de Ativos do Banco Carregosa. O IGCP tinha já deixado claro nos seus planos de funding para o segundo trimestre que se antecipa um aumento das necessidades de financiamento da República como resposta à conjuntura originada pelo vírus Covid-19.

Apesar dos níveis elevados de volatilidade no mercado, esta emissão atraiu um volume de ordens na ordem dos 30 mil milhões de euros o maior volume numa emissão sindicada de dívida pública portuguesa de sempre, segundo o IGCP. Isto permitiu que o spread fosse estreitado do spread indicativo inicial de mid swap +90bp, para os +86bp.

Cerca de 38,9% da emissão foi colocada entre gestoras de fundos de investimento e 38,6% no sector bancário ou bancas privadas. As seguradoras e fundos de pensões, que tinham absorvido quase 20% da emissão anterior a 10 anos, não foram além dos 8,5% neste caso. Abaixo a desagregação por país de origem do investidor e perfil:

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Ainda sobre o tema, Filipe Silva comenta que "apesar de tudo, continuamos com sucesso a emitir dívida permitindo-nos fazer um rollover a taxas historicamente baixas. Agora mais do que nunca Portugal bem como os outros países, precisam do suporte dos Bancos Centrais, pois sem o mesmo, o prémio de risco irá disparar, dada a situação económica que cada país vive atualmente ser extremamente difícil.”