Primeira reacção da Schroders aos resultados das eleições em Itália

Bersani
Framino, Flickr, Creative Commons

Azad Zangana, economista europeu da Schroders e Nicholette MacDonald-Brown, gestora de acções europeias na entidade, comentam a situação que poderá dar origem a um governo provavelmente inefectivo, mas não radical.

A reacção do mercado tem sido compreensivelmente negativa. Até ao momento em que a gestora britânica publicou o comunicado oficial, o ‘spread’ entre o rendimento dos títulos a dez anos do governo italiano e do rendimento das ‘bunds’ alemãs era superior em 37 pontos base, enquanto o índice FTSE MIB apresentou uma queda superior a 4,5% no dia de ontem. O desempenho negativo não se restringiu ao mercado italiano, com a maioria das bolsas europeias a registarem quedas, depois de sessões igualmente em baixa nos EUA e na Ásia durante a noite anterior.

A próxima etapa, em Itália, será agora determinado pelo Presidente da República Giorgio Napolitano, que tem três opções: a primeira será formar um governo de coligação, possivelmente com Bersani, já que este obteve a vitória na Câmara dos deputados. Isto pode ter um efeito positivo fruto de ideias partilhadas pelos dois partidos no sentido de reformar as leis eleitorais e diminuir a equipa do governo, apesar de que pode conduzir ao não progresso no que refere a reformas estruturais necessárias. A segunda opção seria instalar um governo técnico (opção não apoiada pelo povo), enquanto que a terceira seria convocar outra eleição geral de imediato. No entanto, esta última hipótese seria arriscada, segundo os profissionais da Schroders, pois prolongaria a incerteza política, especialmente porque sem reformas do sistema de votação, o resultado seria, provavelmente, um outro impasse.

Da gestora britânica referem que tudo indica que “a incerteza política na Zona Euro regressou e os investidores devem esperar uma maior volatilidade à medida que se der mais importância às notícias políticas”, asseguram. Na opinião de Azad Zanngana e Nicholette MacDonald-Brown, a chave para Itália será assegurar que os progressos realizados até ao momento não se invertem, além de terem que gerir o ânimo e as expectativas dos investidores.