Presidente da bolsa afirma que "estamos muito além do que é razoável exigir"

"Estamos muito além daquilo que é razoável exigir aos particulares e às empresas", afirmou Luís Laginha de Sousa, à Funds People Portugal, em reacção ao anúncio do agravamento da tributação das mais-valias bolsistas.

O ministro das Finanças, Vitor Gaspar, disse ontem que o imposto sobre juros, dividendos e 'royalties' e sobre as mais-valias bolsista irá aumentar para 26,5%, medida que entrará em vigor já este ano e que se prolongará em 2012 e anos seguintes.,

"A questão fundamental é qual o nível de recursos que é razoável e adequado que o Estado exija, seja a particulares, seja a empresas",  afirmou o presidente da Euronext Lisbon. "Ninguém cuida melhor dos rendimentos do que quem, com esforço e mérito, os conseguem", salientou, acrescentando que “é importante para o país que continue a haver esperança que o esforço dá retorno”.

O presidente da bolsa sublinhou que, quando se aumenta a tributação há que ter em conta as consequências por vivermos num mercado aberto, onde a competitividade e a atractividade do país se mede em comparação com os outros, afirmando que, "onerar, tornar menos atractivo o investimento só pode ter comparação negativa com os outros mercado", desincentivando a capacidade de atrair poupança externa. Esta via significa que o Estado vai absorver mais rendimento, ou seja, há menos para investir, e que há uma penalização, na medida em que somos menos atractivos, referiu ainda Luís Laginha de Sousa.

À Funds People Portugal disse ainda que as transacções em bolsa, os rendimentos de capital, "são muito diabolizados e o que é certo é que, ao fazer-se com que esta parte da economia - a parte que é mais facilmente escrutinável - seja mais onerada, leva-se a se vá esvaziando em detrimento da outra que é menos escrutinável". E disse ainda que, "todos os que advogam penalizações para o mercado de capitais estão a contribuir para que o efeito seja contrário ao desejável".