Possível ‘Brexit’: “Para a Europa é óbvio que o Reino Unido é um grande parceiro de negócio e não acredito que essa relação termine”

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Cedida

Azad Zangana, economista europeu da Schroders, obviamente que tem mais para comentar, do que apenas centrar atenções na China. Embora a Europa esteja na boca dos investidores como uma das geografias de investimento preferidas para virar atenções nos investimentos em 2016, há questões que seguramente não podem ser esquecidas no seio da região. O risco de uma saída do Reino Unido da União Europeia é, sem dúvida, um desses pontos quentes que irão marcar a região neste  novo ano.

Brexit?

“Se o Reino Unido decidir abandonar a União Europeia, será o primeiro país a fazê-lo, e abrir-se-á um precedente sobre o que cada país poderá fazer para deixar a UE”, indica. E que riscos, depois dessa decisão, poderá o Reino Unido acarretar? Zangana entende que a dimensão desses riscos apenas poderá ser comentada dependendo do “acordo final de saída”. Embora as sondagens continuem a evidenciar a vitória de um resultado de prevalência do Reino Unido na União Europeia, o economista acredita que essas são estimativas muito “apertadas”, existindo o “risco de que os votos possam ir na direção oposta”. “Para a Europa é óbvio que o Reino Unido é um grande parceiro de negócio e não acredito que essas relações terminem, mas poderão existir algumas dificuldades para ambos os lados”, prevê.

Outro dos assuntos que na perspetiva do profissional vale a pena tocar trata-se da imigração, e da sensação que existe de que “Londres está praticamente sobrelotada”. “Tem existido um grande fluxo de imigrantes nos últimos quatro anos para o Reino Unido. A grande fatia a aumentar, e sem surpresa, veio da União Europeia”, comenta, relembrando que embora essa porção “não possa ser limitada pelo governo”, o maior número de imigrantes “continua a ser não europeu”. Interpõe-se, neste tema, a questão da segurança, tão em voga por estes dias. “A solução, na minha opinião, passa por uma liderança política mais forte na Europa, com segurança nas fronteiras. Não se pode atribuir responsabilidades a um único país”, confessa.

Perspetivas e riscos para 2016

No caminho dos investimentos no próximo ano são duas as grandes nuances que Azad Zangana quer assinalar. Se por um lado consegue apontar ‘dowside risks’ no mercado, por outro, entende que também existirão ‘upside risks’. No campo dos riscos de queda as contas são fáceis de fazer e três dos quatros maiores riscos prendem-se com os mercados emergentes. “Um deles é o perigo de um hard landing chinês, o outro o risco de default dos mercados emergentes e, por fim, o risco da China começar a desvalorizar a sua moeda (que já se verificou neste início de 2016)”. O downside risk que resta tem a ver com a possibilidade de uma recessão dos EUA.

Todos estes riscos, assinala o economista, não constituem contudo o ‘base scenario’ da gestora para o próximo ano. Na visão da entidade para 2016 existe portanto a convicção de que se irá observar  “um crescimento constante nos EUA e na Europa - embora nada de espetacular – com o desemprego a diminuir e os salários a subir”. Para os emergentes, por seu turno, espera por exemplo “algumas complicações no Brasil, com um crescimento negativo de 2% ou 3%”.

As estratégias dos Bancos Centrais

Até agora, Zangana não duvida que os Bancos Centrais foram o mais encorajadores que conseguiram para as respetivas economias. Contudo, entende que por exemplo a Fed e o Banco de Inglaterra têm agora uma estratégia que passa por “subir primeiro as taxas de juro, ver o que acontece, e depois sim começar a reduzir os seus ativos”.