Portugal volta a sorrir aos mercados

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Erin, Flickr, Creative Commons

O Estado português colocou ontem 750 milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) a dez anos a uma taxa média de 3,57%. A procura do leilão atingiu cerca de 3,5 vezes a oferta, tendo assim atingido cerca de 2.600 milhões de euros.

Para Filipe Silva, responsável pelo mercado de dívida no Banco Carregosa, “Portugal conseguiu emitir dívida a taxas historicamente baixas. Pelo menos, desde 2006, que não encontramos nenhum leilão com uma taxa tão baixa, oque não deixa de ser surpreendente. Em 2006, emitíamos dívida a 10 anos a pagar 3,94%.  No leilão a 10 anos mais recente – realizado em janeiro de 2011, antes do pedido de ajuda externa – obtivemos a taxa de  6,72%. É uma evolução muito positiva.

Mesmo se formos comprar este leilão com as operações sindicadas, a taxa de hoje conseguiu ser melhor: em maio de 2013, emitimos dívida a 10 anos a 5,65% e em fevereiro deste ano, também numa operação sindicada, a taxa foi de 4,65%. O mais surpreendente que tudo é que a taxa do leilão de hoje conseguiu ser ainda mais baixa do que a emissão que está no mercado secundário e que está com uma taxa nos 3,65%.

Em resumo, a emissão saiu em linha com o que tem vindo a acontecer á dívida portuguesa, com as taxas a descerem significativamente. A procura dos investidores mantém-se elevada, a perceção do risco Portugal continua a baixar, o que é positivo não só para o financiamento do Estado como também para a economia real já que as taxas de endividamento das empresas sempre são de certa forma “indexadas” às taxas soberanas.

Há, porém, uma nota a fazer: o montante colocado, o máximo previsto, é muito pequeno. Basta o interesse de um ou dois grandes investidores para absorver esta oferta. Há fundos  que têm em carteira perto de 200 ME em dívida portuguesa. A dimensão do leilão é pequena, terá havido alguma cautela.”