“Portugal vai fazer provavelmente o mesmo que a Irlanda”

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Cedida

À margem da conferencia realizada em Lisboa pela Schroders, Keith Wade, economista-chefe da Schroders falou sobre o futuro de Portugal e do mundo económico.

Portugal está a poucos meses de sair do programa de assistência económica e financeira a que está sujeito e o modo como vai sair é um dos temas mais comentados nas últimas semanas.

Apesar de “não ser especialista sobre o tema Portugal”, Keith Wade acha que “Portugal vai fazer provavelmente o mesmo que a Irlanda. Embora, no meu ponto de vista, ainda seja cedo para tentar perceber o que pode ou vai acontecer.”

O especialista destaca alguns factores que podem ser essenciais para o futuro de Portugal, tais como o “aumento do PIB”. Em relação aos mercados financeiros o especialista acredita que o país “é um dos grandes beneficiados pelo facto do Euro se manter forte e não ter sido uma moeda destruída”. Também as taxas de juro das obrigações soberanas “continuam a ser atrativas para os investidores”. 

“O défice será sempre um problema e terá de ser contornado pelo crescimento do PIB”, afirma o especialista da Schroders. “Olhando para os números, é no crescimento do PIB que está o caminho certo. Acredito que a situação em Portugal está no caminho contrário do haircut, embora enfrente um grande desafio nos próximos tempos. Neste aspeto, seria importante que as agência de notação financeira mudassem o rating do país” continua.

Já sobre a política europeia, Keith Wade espera que “Mario Draghi mude a sua política monetária, até porque a deflação pode ser um problema no futuro”.

Do outro lado do atlântico

Para a economia dos Estados Unidos da América, Keith Wade acredita que a “economia norte-americana está no caminho da recuperação sustentada, com um crescimento de 3% este ano, com o emprego a recuperar mais depressa do que a FED previa.

Sobre a questão dos emergentes, o especialista afirma que o “ problema da liquidez da FED vai continuar a afetar os mercados emergentes. Na China o crescimento vai continuar, embora de forma mais modesta.

Os mercados dos “EUA, Europa e Japão continuam a ser os preferidos” para o especialista da entidade. “Estamos um pouco resilientes nos mercados emergentes, nomeadamente em relação à China e ao Brasil. Também a Turquia está negativa na nossa perspetiva, sobretudo devido à política seguida nos últimos tempos, e no modo como o governo está a pressionar o banco central o que torna tudo mais instável”.

Para o futuro

“Acredito que o EUA vão continuar a liderar o mundo, em termos económicos, apesar do maior problema dos emergentes já ter sido ultrapassado. Também a Europa vai estar no caminho certo. Penso que o mundo que queremos é um mundo de crescimento”, respondeu o economista-chefe quando confrontado com o futuro da economia mundial nos próximos cinco anos.