Porque terá começado o fundo GARS a investir na Coreia?

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Gunman47, Flickr, Creative Commons

O fundo Standard Life Investments Global SICAV Global Absolute Return Strategies, mais conhecido como GARS, está constantemente à procura de novas ideias de investimento, com as quais pretende adicionar diversificação e cumprir com o seu objetivo de gerar um retorno anual de 5% (antes de comissões) ao longo de períodos consecutivos de três anos. Uma das últimas novidades que a equipa deste fundo da Standard Life Investments introduziu, pode ser algo aliciante para os investidores portugueses: ações coreanas.

Em primeiro lugar, a equipa gestora pretende dissolver as possíveis preocupações sobre a sua decisão de investir em ações da Coreia do Sul, dada a crescente subida das tensões com o seu país vizinho – Coreia do Norte. A isto se deve acrescentar que o país ainda está a recuperar do forte escândalo político e de corrupção que gerou, uns meses depois, a demissão da então presidente – Park Geun-Hye, e que também atingiu Lee Jae-yong, herdeiro da Samsung. “Acreditamos que os investidores se tornaram excessivamente obcecados com os fatores negativos”, declara a equipa da Standard Life Investments.

Os analistas da entidade admitem que “é verdade que as ações sul-coreanas não têm sido um bom investimento durante os últimos cinco anos”, e realçam que a baixa valorização que apresenta agora o principal índice de referência do país, Kospi 200, “reflete os dececionantes lucros das empresas coreanas durante esse tempo”. Convém recordar que na Bolsa Coreana se podem encontrar nomes conhecidos, como Samsung, Hyundai, Kia ou LG. A equipa acrescenta que “os lucros das empresas ficaram aquém das elevadas expectativas dos investidores, com a economia local a perder vigor e com a queda das exportações”. A Coreia do Sul exporta à volta da 50% dos bens e serviços que produz, dois terços dos quais se destinam a nações em desenvolvimento.

O copo meio cheio

A questão é, continuam os analistas, que finalmente os investidores moderaram bastante as suas expectativas como resposta a esta constante deceção. E o maior pessimismo está a criar-se num contexto em que, finalmente, o crescimento global está a recuperar de forma gradual, o que representa uma melhoria na procura de exportações coreanas. “Cerca de 60% das vendas das empresas do Kospi 200 são oriundas do estrangeiro e, portanto, a Coreia é altamente sensível à saúde da economia global”, afirmam.

Como consequência, os lucros das empresas começaram a crescer novamente, obrigando os analistas a rever em alta as suas previsões de lucros, pela primeira vez em cinco anos. A gestora escocesa esclarece que “as previsões continuam a ser conservadoras e deixam uma larga margem para revisões em alta”.

Em média, as empresas coreanas acostumaram-se a uma gestão mais conservadora, marcada pelo controlo de custos e por uma melhora da produtividade, o que significa que “estão particularmente bem posicionadas para beneficiarem da procura, com uma maior proporção das receitas de vendas, traduzindo-se em lucros”. Esta recuperação das margens deveria “impulsionar substancialmente os lucros da empresa, numa ampla gama de setores industriais”, opinam os analistas. As avaliações atuais das ações coreanas, em relação aos seus concorrentes geográficos, caíram para mínimos de dez anos relativamente a ações globais, “o que proporciona uma oportunidade para que as ações coreanas se mantenham em dia”.

A equipa acrescenta a todos estes argumentos um argumento final a favor do investimento nesta classe de ativos: a recuperação da estabilidade política, após o caso de corrupção acima mencionado, também conhecido como o escândalo da “Rasputina” coreana. “A demissão de Park em março de 2017, proclama o fim de um período de incerteza política, que tem sido um grande entrave para os investidores”, comenta a equipa da SLI. Os especialistas avaliam positivamente a eleição do atual presidente, Moon Jae-jin, ao considerar que “é encorajador, do ponto de vista do investimento”, e que a sua agenda política “apoia a implementação de novas reformas de governo corporativo, que apontam para um aumento da transparência e de retorno para os acionistas”.