PIMCO GIS Income: o fundo sofre resgates de 5.300 milhões de euros este ano

e0eb33a688ece2d8
Fotos cedidas

O PIMCO GIS Income foi e continua a ser o fundo que está mais na moda na Europa. Nos seus seis anos de vida apenas, o produto conseguiu posicionar-se como a estratégia com mais património a nível continental. Gerido por Daniel Ivascyn e Alfred Murata, trata-se de um fundo de obrigações flexíveis da PIMCOorientado para a geração de rendimentos, que ostenta as cinco estrelas Morningstar e a tripla classificação Funds People: Favorito dos Analistas, Blockbuster e Consistente Funds People. Recebeu a maior parte dos fluxos de entrada em 2017. Foi esse ano quando o interesse pela estratégia disparou, elevando o património gerido acima dos 60.000 milhões.

Se se analisar as subscrições líquidas registadas pela estratégia no último ano (de julho de 2017 a julho de 2018) observa-se que o valor é muito positivo, com quase 13.700 milhões de entradas, segundo dados da Morningstar. A novidade, no entanto, assenta naquilo que está a acontecer em 2018, uma vez que – de acordo com os valores da empresa de análise – entre janeiro e julho os resgates subiram para os 5.310 milhões. “Após seis meses de grandes reembolsos, o património do fundo passou do máximo de 60.500 milhões que tinha alcançado para os 55.700 que tinha no final de julho. Os reembolsos vêm tanto de investidores retail como institucionais, e afetam tanto as suas classes em dólares como as denominadas em euros”, revelam.

A boa notícia para a PIMCO é que esta tendência foi diminuindo. Em julho, os resgates apenas alcançaram os 700 milhões e o património do produto parece ter estabilizado em torno dos 55.000 milhões que tem atualmente. “Este ano, o contexto manifestou-se ser complicado em geral para as obrigações, dado o aumento das taxas de juro, o que representou uma desvantagem para a componente de maior qualidade da carteira. No lado positivo da balança, os ativos de maior rendimento da carteira, como obrigações hipotecárias não emitidas por agências (non-agency MBS), impulsionaram a rentabilidade. Além disso, o rendimento da carteira cresceu desde o início do ano, e continuamos a considerar que existem possibilidades de revalorização do capital no futuro”, afirma Murata.

Segundo explica o gestor, a estratégia divide-se principalmente em dois grandes componentes. Um componente é composto pelos ativos de maior rendimento, como as obrigações hipotecárias não emitidos por agências (non-agency MBS) e o crédito corporativo. De acordo com as suas previsões, estes ativos irão exibir um bom comportamento se o crescimento económico revelar ser mais sólido do que o esperado. O outro componente está representado pelos ativos de maior qualidade, como as obrigações do Tesouro norte-americano, que esperam que evoluam satisfatoriamente se o crescimento for mais lento do que o esperado. “Consideramos que esta combinação maximiza as possibilidades de alcançar o objetivo principal da estratégia: conseguir rendimentos constantes. Ao longo do tempo, esta filosofia funcionou bem e ajudou a mitigar a volatilidade da carteira”, sublinha Murata.

Com o objetivo de reforçar as características defensivas no contexto atual, os gestores estão a maximizar a flexibilidade, o que implica aumentar a liquidez e a diversificação dentro da estratégia. “Num esforço para adotar uma postura mais defensiva, evitamos na nossa diversificação os setores que, a nosso ver, se mostram propensos a reagir de forma exagerada em baixa, como o crédito corporativo norte-americano (segmento onde se registou um elevado volume de emissões e as taxas de subscrição deterioraram-se de forma moderada). Também nos apoiamos na nossa equipa de mais de 245 gestores de carteiras, espalhados por todo o mundo, para encontrar várias oportunidades de menor magnitude em todo o universo de obrigações mundiais. A não ser que observemos uma reviravolta significativa nas valorizações do mercado, temos a intenção de continuar a recorrer à diversificação como meio para atenuar a volatilidade”.

Como o fundo se vai comportar num cenário de subida de taxas?

Na opinião dos gestores, a estratégia é caracterizada pela disposição das ferramentas necessárias para enfrentar com resiliência a subida de taxas de juro. “Quando as taxas tendem a subir, acreditamos que a estratégia desfruta de uma posição ótima para manter, sempre, rentabilidades totais positivas; contudo, quando as taxas de juro se situam em cotas substancialmente mais elevadas, as rentabilidades totais poderão ver-se afetadas. Este ano, o fundo exibiu robustez, ao registar um comportamento relativamente satisfatório em comparação com os grandes índices de referência de obrigações tradicionais, como os índices Bloomberg Barclays U.S. e Global Aggregate, que mostraram uma rentabilidade de -1,6% no mês de junho”.

“Contamos com a capacidade suficiente para ajustar a duração global da estratégia, ou a sua exposição às taxas de juro, entre zero e oito anos; além disso, ao longo de um ciclo de taxas de juro completo, tentamos tirar partido desta flexibilidade. Atualmente, mantemos um posicionamento prudente em taxas de juro, especialmente porque a nossa perspetiva a curto prazo sobre a economia é risonha. Na verdade, na nossa opinião, o crescimento mundial continuará a ser positivo, o risco de recessão num futuro próximo é relativamente baixo e a Reserva Federal irá continuar provavelmente a subir as taxas de juro de forma gradual, ao mesmo tempo que outros bancos centrais, como o BCE e o Banco do Japão, irão provavelmente começar a reduzir os seus programas acomodatícios na segunda metade de 2019”, explicam.

Consequentemente, os gestores continuam a apostar nas obrigações de alta qualidade como cobertura face a uma possível deterioração económica e outras surpresas que poderão provocar uma fuga para os ativos de qualidade – como observam após a inesperada formação de um governo eurocético em Itália em junho. “Antecipamos que o fundo continuará a aproveitar a sua flexibilidade para enfrentar os diferentes contextos de taxas de juro e consideraremos vários cenários quando posicionarmos a estratégia”, concluem.