Perspetivas para 2015 de três gurus da Franklin Templeton

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artisrams, Flickr, Creative Commons

Que planos têm Mark Mobius, Michael Hasenstab e Grant Bowers para 2015? A proliferação de documentos das gestoras internacionais com as suas perspetivas para o próximo ano está agora a começar e a Franklin Templeton Investments não ficou atrás e partilhou os seus planos para o próximo ano. A entidade optou por reunir as principais visões e perspetivas para ano que vem através dos seus três principais gestores, dividindo-as em três blocos temáticos: mercados emergentes, obrigações globais e ações norte-americanas. Uma pequena antevisão: são utlizados conceitos importantes como a divergência monetária, dispersão e mudanças em lideranças políticas.

Emergentes: Mark Mobius

Mark Mobius, presidente executivo da Templeton Emerging Markets, utiliza dois argumentos a favor das nações em vias de desenvolvimento: crescimento superior ao mundo desenvolvido e reformas em muitos países emergentes (por exemplo: China, Índia, Indonésia, México e Coreia do Sul). “As medidas de reforma conheceram alguns custos momentâneos, mas acreditamos que se os governos ultrapassarem isso, os benefícios a longo prazo não irão tardar em transformar-se em crescimento económico. O ênfase na disciplina de mercado também poderá criar um vinculo mais estreito entre o crescimento dos mercados emergentes e a rendibilidade das empresas”, indica o guru.

A outra temática analisada por Mobius para 2015 é a incidência das novas tecnologias no desenvolvimento económico, especialmente nos mercados fronteira: “algumas tecnologias baseadas em comunicações móveis, e na internet em particular, oferecem aos países menos avançados a oportunidade de colocar-se ao lado da evolução económica de mercados mais maduros e migrar diretamente para sistemas modernos mais eficientes”. O especialista vai ter debaixo de olho o continente africano, tanto pelo potencial de desenvolvimento desta megatendência como também pelo perfil demográfico, abundante em recursos naturais e baixos níveis de PIB.

Sobre os riscos, o gestor refere o declínio da Rússia e do Brasil e a deriva política que experimentaram ambos os países em 2014. Também lhe preocupa as possíveis tensões que a presença militar chinesa junto do Japão podem causar e o efeito sobre o mundo emergente do endurecimento das politicas monetárias norte-americana. Em conclusão, o presidente executivo do grupo de mercados emergentes da Templeton continua optimista: “Na nossa opinião, as valorizações das ações, oferecidas a desconto em relação aos mercados desenvolvidos, não refletem exatamente esse potencial apresentado pelos mercados emergentes”.

Obrigações globais: Michael Hasenstab

Michael Hasenstab, gestor especializado em obrigações globais, centra a sua análise nos últimos (e extraordinários) movimentos de alguns bancos centrais e antecipa mais “fogo” quantitativo por parte do Banco Central Europeu (BCE) para reavivar o crescimento e a inflação na Europa. “Apesar da moderação no crescimento na Europa, convem recordar que o Velho Continente nunca foi o motor do crescimento mundial”, afirma.

Mais importante é a crescente diferenciação entre diferentes economias emergentes, uma tendência que acredita que se vai acentuar, pelo que recomenda aos investidores  identificar os países com balanços saudáveis e sólidas perspetivas de crescimento. O especialista faz esta diferenciação com as moedas dos diferentes países em processo de industrialização e adverte que esta dispersão pode acentuar-se, dependendo do fortalecimento da economia norte-americana e do calendário da subida das taxas de juro.

O segundo ponto onde assenta o discurso de Hasenstab é o colossal programa de estímulos que foi recentemente ampliado no Banco do Japão e que equivale ao tamanho do QE3 da FED. “Esta enorme quantidade de liquidez tem implicações importantes para os mercados globais em 2015, já que o dinheiro impresso no Japão provavelmente não ficará no país e vai espalhar-se por todo o mundo. Embora o QE do Japão favoreça os ativos globais de risco, acreditamos que poderá contribuir para uma maior depreciação do iene”, indica o gestor.

Dentro do bloco asiático também há uma palavra para a China: “Continuamos a ver indícios de uma mudança salutar na composições do crescimento económico do país, com uma expansão do consumo mais robusta e sustentável”. Embora admita que o ritmo do crescimento do gigante asiático abrandou, recorda que a economia chinesa é hoje maior do que há dez anos e confia que a “procura agregada global não deverá ser terrivelmente afetada pela moderação da taxa de crescimento da China durante o próximo ano”.

Para terminar, Hasenstab explica que as chaves para o posicionamento no próximo ano, com o objetivo em mente de “sair airoso do que acreditamos será um aumento da taxas de juro”. Assim, prefere a curta duração embora também aponte um correlação negativa com os rendimentos das Treasuries norte-americanas. Paralelamente, procuram ativamente oportunidades que permitam gerar retornos atrativos sem assumir um risco de taxa de juro indevido e também procuram valor nos mercados de divisas e de obrigações de determinados países dos mercados emergentes.

Ações norte-americanas: Grant Bowers e Matthew J. Moberg

A solidez do tecido empresarial (com lucros e tesouraria em níveis record) e a recuperação do consumo (graças a uma melhoria no mercado laboral e a queda dos preços da energia) são os grandes argumentos dos gestores e analistas Grant Bowers (na imagem) e Matthew J. Moberg para se continuar a investir na bolsa dos EUA.

Mas não são os únicos e ambos os especialistas consideram que as politicas monetários vão afrouxar-se durante um tempo: “o ambiente de baixa inflação, a solidez do dólar e a lenta melhoria do mercado laboral pode permitir que a decisão de subir as taxas de juro de forma significativa seja adiada”.

Mas eles não estão sozinhos, como ambos os especialistas ainda acreditam que vão ser as políticas monetárias frouxas por um tempo: "O ambiente prevalecente de baixa inflação, a força do dólar norte-americano e da lenta melhoria no mercado de trabalho pode permitir que a decisão a ser adiada aumentar significativamente as taxas de juros”.

Nenhum dos gestores se pronuncia sobre se a bolsa está cara ou barata, mas comentam que “daqui para a frente, os fundamentais sólidos das empresas norte-americanas deverão continuar nos atuais níveis de valorização; e as ações tendem a evoluir em função do crescimento dos lucros e das decisões da distribuição de capital que adotem as direções das empresas”. Isso sim, poderá despontar a volatilidade como consequência de mudanças nas politicas monetárias ou tensões geopolíticas.

Bowers e Moberg destacam, entre os sectores que analisam, oportunidades no tecnológico, cuidados de saúde, bens de consumo e industria. A mais longo prazo, admitem estar a analisar investimento em novas tendência e emergentes como os carros sem condutor, a impressão 3D, as energias alternativas, a iluminaçãoo LED e a sequência do ADN.

Com base nestas razões, ambos os especialistas concluem que “os fundamentais do mercado bolsista norte-americano parecem-nos sólidos, dada a pujança dos lucros empresariais e da melhoria do consumo privado. Acreditamos que existe um sem número de oportunidades no mercado atual e que as perspetivas são sombrias para as ações de crescimento dos EUA em 2015 e nos anos seguintes”.