Pensa em realizar mais valias nos emergentes? Um gráfico mostra o erro grave

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Ainda só vamos a meio de 2019 e os mercados emergentes já fizeram o investidor embarcar numa viagem de ida e volta. Passaram de ser os que mais brilhavam, por terem bancos centrais mais acomodatícios, para estarem no papel dos mais penalizados pela escalada da guerra comercial. Será altura de realizar mais valias e consolidar o que foi conquistado no ano nos emergentes? Basta observar o seguinte gráfico que fornece a JP Morgan Asset Management para entender o porquê de isso ser um erro grave.

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Os números estão em libra esterlina, pelo que devemos ter em conta o efeito divisa, mas a mensagem é a mesma: o market timing é um jogo perigoso. Se tivesse aguentado todos os dias maus nos emergentes nos últimos 20 anos tinha conseguido uma rentabilidade anualizada de 10%. Mas se tivesse realizado mais-valias e não tivesse entrado de novo a tempo, a penalização seria enorme. Perder os 10 melhores dias corta a rentabilidade para metade. “A chave é ser paciente, permanecer investido”, destaca Claire Peck, especialista de produto da equipa de ações emergentes. Até porque, além disso, os dez melhores dias costumam ser a seguir aos 10 piores.

Dito isto, que razões existem para olhar para os emergentes agora? A primeira e máxima razão que Peck vê, é que com um mundo de baixas yields o investidor não pode deixar de estar nos emergentes. É o nicho onde a equipa da JP Morgan AM vê mais potencial de retorno para os próximos 10-15 anos. Acima até das private equity americanas.

Também há argumentos estruturais a seu favor. As divisas continuam a demarcar o futuro dos emergentes, mais concretamente, o dólar americano. E ainda que não existam motivos para pensar que vá enfraquecer, Peck prevê que estabilize. A favor estão os lucros empresariais, cuja tendência é positiva, e as valorizações. Como regra geral, quando os emergentes negoceiam a 1,20 vezes o valor contabilístico costuma ser sinal claro de compra. Um bom ponto para realizar mais valias estará nas 2,5 vezes o valor contabilístico. E agora mesmo estão nos 1,66.

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Então a guerra comercial não impacta?

“Surpreendeu-nos que o mercado ficasse espantado por nos depararmos com solavancos na disputa comercial”, assegura Peck. Ainda que na sua perspetiva a China e os Estados Unidos continuem a fazer concessões, não acredita que esta guerra acabe tão cedo. “Porque não é uma guerra comercial. A China abriu o seu mercado ao negócio internacional e até reduziram o défice comercial em relação aos EUA. Esta história é na realidade de um concorrente estratégico que enfrenta os Estados Unidos”, sentencia. E tendo em conta que o plano Made in China 2025 continua em marcha, a especialista não vê a China a retroceder no seu desenvolvimento.

“O bom é que nas nossas carteiras não temos de ocupar o nosso tempo a vaticinar sobre a geopolítica”, defende. A carteira do JPM Emerging Markets Equity Fund, fundo com selo Funds People pela sua classificação Blockbuster, aplica um desvio growth e de qualidade a um processo de investimento bottom up e com um filtro ESG integrado. Mostrou um forte track record desde o seu lançamento em 1994, situando-se entre os primeiros percentis a três e cinco anos. Atualmente, Peck conta que o fundo “bebe” de ideias como a educação, o e-commerce e o sector financeiro na Ásia. Este é o sector com maior subponderação face ao índice e representa 38,6% da carteira.