Para onde se está a dirigir o dinheiro?

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Bill David Brooks, Flickr, Creative Commons

Os mercados sofreram um mês de janeiro agitado. Este mau comportamento provocou uma mudança muito importante no sentimento do investidor europeu, fazendo com que janeiro se tenha convertido no pior mês para a indústria de gestão de ativos europeia desde o taper tantrum de junho de 2013, com saídas líquidas de quase 33.000 milhões de euros. Mas existem fundos de investimento que estão a captar muito dinheiro. Segundo dados da Broadridge, provedora de informação financeira que recentemente ampliou a sua área de negócio com a aquisição da unidade de inteligência competitiva da Thomson Reuters, o fundo que mais entradas líquidas recebeu em janeiro foi um produto da Legg Mason Global AM que investe em titularizações hipotecárias americanas, no caso o Legg Mason Western Asset US Mortgage-Backed Securities Fund, com 725 milhões de entradas líquidas no mês. Também receberam fortes entradas produtos multiativos com um enfoque de retorno absoluto da J.P. Morgan AM e Standard Life Investements.

O primeiro é o JPM Global Macro Opportunities (634 milhões), um fundo multi-ativo que conta com um processo de investimento macro fundamental, no qual a equipa gestora tenta aproveitar as oportunidades que as diferentes conjunturas económicas em todo o mundo provocam, combinando estratégias tradicionais e sofisticadas. Trata-se de uma estratégia de retorno absoluto que poderá englobar-se dentro da geração de fundos mistos, por ser um produto que tenta ir mais além da mera combinação de uma carteira de ações e de obrigações. “É uma expressão mais diversificada que a oferecida por um fundo misto tradicional, dado que utilizamos muitos mais instrumentos que nos permitem construir tanto estratégias direcionais como outras mais sofisticadas (de valor relativo, divisas, opções, volatilidade...). Isso dá-nos acesso a maiores fontes de rentabilidade e diversificação. Também entendemos este produto como uma estratégia top down pura, mais líquida, transparente e barata do que um hedge fund global macro”, explica James Elliot, co-gestor da estratégia juntamente com Shrenick Shah e Talib Sheikh.

O segundo é o SLI Global Absolute Return Strategies GARS, produto muito conhecido, que durante os últimos anos tem-se destacado pelo seu importante volume de captações, o que situou o seu património acima dos 15.000 milhões de euros. Em janeiro captou pouco mais de 400 milhões. Neste caso, trata-se de uma estratégia de retorno absoluto, com o objectivo Euribor +5% anual (em períodos de 3 anos consecutivos computados mensalmente e antes de comissões) com um nível de volatilidade entre 4% e 8%. O seu critério de seleção centra-se em procurar estratégias nas quais esperem obter, em cada caso, rentabilidades positivas num horizonte de investimento a 3 anos, que, para além disso, contribuem para diversificar o risco da carteira. O interesse que existe por ambas as estratégias é pontual. Os dois têm vindo a registar entradas líquidas muito importantes no último trimestre, o que os situou entre os cinco produtos mais vendidos da Europa neste período. O GARS teve captações líquidas nos últimos três meses de 1.620 milhões principalmente no Reino Unido. O fundo da J.P. Morgan AM, por seu turno, conseguiu 1.100 milhões.

Em janeiro, a Standard Life Investments foi a única gestora com captações líquidas acima dos 1.000 milhões de euros na Europa (1.273 milhões, concretamente). Seguiram-se a Nordea (777 milhões) e a Aviva Investors (720 milhões). Apesar das fortes saídas registadas durante o primeiro mês do ano nos fundos de gestão ativa terem afectado a indústria, estas foram, em parte, aliviadas pelas entradas líquidas que se registaram nos fundos de gestão passiva. Dirigiram-se a estas estratégias até cerca de 5.500 milhões de euros, dos quais 1.700 foram parar aos ETF. Isto fez com que, juntamente com as estratégias de gestão ativa, se possam encontrar vários fundos de gestão passiva. O que mais captou em janeiro foi o ETF de bolsa europeia da Lyxor, o Lyxor UCITS ETF EuroStoxx 50 (650 milhões). Também registou um importante volume de entradas líquidas um fundo cotado da BlackRock, neste caso uma estratégia de ações globais, o iShares Core MSCI World UCITS ETF (560 milhões de euros).