Panama Papers marcou a semana

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Semana marcada pela fuga de informação conhecida como Panamá Papers, onde muita informação foi publicada sobre o esquema que envolve sociedades de advogados, empresas fictícias e grandes bancos, num esquema que permitia a pessoas bem colocadas utilizar offshores para ocultar fortunas, evitando assim o pagamento de impostos. Este esquema envolve mais de 200 países!
Não deixa de ser estranho que nos 11 milhões de documentos expostos na fuga de informação, não surja nenhum nome Americano de relevo.

No mercado financeiro, o tom cauteloso adotado pela presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos está a marcar a atualidade. Uma eventual subida de taxas de juro em junho está cada mais afastada e apesar dos dados fortes do emprego (apesar da ligeira subida do desemprego) e da recuperação das bolsas americanas, a aversão ao risco leva a que outros ativos estejam sobre forte pressão.

Com alguns sinais positivos vindos da China, agora as preocupações viram-se para o estado da poderosa indústria alemã que revela alguns sinais de abrandamento, com uma queda de 1,2% nas encomendas em fevereiro. A descida das vendas ao exterior, com particular destaque para a  diminuição das vendas para a China, lança um alerta sobre o crescimento da maior economia da Zona Euro.

Mas os números menos positivos também se estenderam à Zona Euro, com o índice PMI do setor de serviços a descer de 53,3 em fevereiro para 53,1 em março, o pior dado em 15 meses. Um dos dados menos positivos veio de França, onde o PMI desceu de 51,2 para 49,9, o que é equivalente a contração da atividade. Por via destes e de outros sinais, os investidores retraem-se e estão neste momento em modo risk-off, penalizando ativos como o mercado de renda variável europeu, o dólar e o petróleo (também a GBP mas por outros motivos) e refugiando-se em renda variável americana e em JPY e CHF, entre outros.

O Yene japonês, tradicionalmente visto pelo mercado como um ativo seguro, tem valorizado face ao dólar, subtraindo assim ao Banco do Japão a sua maior arma de política económica. Um Yene mais forte penaliza os exportadores, retirando-lhe competitividade, o que vai pesar nos resultados. Menos lucros significa abrandamento dos salários e por conseguinte, nos gastos.

Isto sucede numa altura em que o Japão luta para não entrar em recessão e depois de colocar em prática taxas de juro negativas. As taxas de juro em níveis negativos têm como objetivo enfraquecer a divisa e dar suporte ao mercado bolsista.Sucedeu exatamente o oposto, e muitos apostam que o Banco do Japão vai avançar com mais estímulos e descer ainda mais a taxa de juro.

Depois de uma entrada turbulenta em 2016, o mercado acalmou e andou tranquilo até ao final do primeiro trimestre. Apesar disso, não foram evitadas as desvalorizações do dólar depois do tom mais moderado de Yellen e na libra com o aproximar da data do referendo.

Neste arranque de trimestre, atenções colocadas no BCE e na entrada em vigor de mais medidas para promover o crescimento e o surgimento de inflação.