Os três drivers de performance em obrigações convertíveis e em que ponto estamos na Europa

Nancy_SCRIBOT_BLANCHET_sans_bandeau
Cedida

“A principal característica a reter acerca das obrigações convertíveis é que são ativos convexos por natureza. Quando o preço da ação subjacente sobe, o valor da obrigação convertível sobe. Sobe menos, mas sobe. Quando o preço desce, o valor da obrigação desce, mas numa amplitude menor do que a subida. É por isso que este ativo se apresenta como especialmente atrativo no atual contexto de mercado europeu. Quando o mercado negoceia de uma forma lateral como o tem feito, a obrigação convertível vai trancando performance”. Agarrar parte da performance do mercado de equity com menos volatilidade, ou, noutras palavras, menos risco, é o que Nancy Scribot-Blanchet, gestora de fundos de obrigações convertíveis na OFI Asset Management propõe fazer através dos fundos que gere na casa de investimentos francesa. Isto porque, de facto, a volatilidade deste ativo se apresenta tipicamente em menos de metade da verificada nos mercados de ações. “A volatilidade do EuroStoxx 50 situa-se sensivelmente nos 13 a 15%. O universo dos diferentes fundos de obrigações convertíveis apresenta uma volatilidade de 4, 5, ou 6%, no máximo. Podemos dormir perfeitamente bem à noite com o investimento em obrigações convertíveis”, afirma.

Três drivers de performance

No mercado europeu de obrigações convertíveis, como os das restantes geografias, na verdade, temos três drivers de performance, segundo a gestora. O primeiro e principal, o mercado de ações, cuja relação foi explicada anteriormente. “No final do ano passado, com a correção que se verificou, o delta do mercado europeu desceu tão baixo como 25%. Desde então acompanhou a subida do mercado e situa-se agora em torno dos 30 a 33% na Europa. Este nível é bastante defensivo. Permite capturar parte da performance do mercado com uma proteção importante em caso de se realizarem perdas significativas dos ativos subjacentes. Isto é especialmente importante quando os mercados cotam a níveis tão elevados”, explica.

“O segundo: as taxas de juro. Como uma obrigação que é, quando as taxas de juro estão em declínio, a obrigação sobe o seu valor. Mas as taxas de juro estão atualmente em níveis mínimos e não se espera qualquer variação no curto prazo, pelo que nada se espera que aconteça por esta perspetiva”, explica a gestora. Adicionalmente, Nancy Scribot-Blanchet acrescenta que apesar de ser na sua essência uma obrigação, estes ativos convertíveis mostram uma menor sensibilidade aos movimentos das taxas de juro do que as obrigações plain vanilla. Mais um fator de tranquilidade para o investidor.

Em terceiro lugar, a gestora da OFI AM aponta a volatilidade implícita. “É este o fator que melhor diferencia entre a emissão que está cara e a que está barata. Se a volatilidade implícita é superior à realizada, a obrigação está cara e vice-versa. Na Europa, atualmente, vemos o mercado a cotar no seu justo valor. Não há um gap por explorar”.

Portanto, e resumindo os três drivers e a sua interpretação:

  • Mercado de ações: delta defensivo com potencial de performance
  • Taxas de juro: nada de esperar deste fator
  • Volatilidade implícita: mercado ao justo valor

“Na Europa, o principal potencial de performance resulta então do mercado acionista. Com um delta tão defensivo, mesmo que o mercado recue o investidor protege a sua performance. Com a sensibilidade ao subjacente entre os 30% e os 50% estamos a um nível onde se maximiza a convexidade e o perfil assimétrico dos retornos”, explica a especialista. “Para se poder dormir bem à noite”, conclui.