Os melhores fundos de investimento para incorporar numa carteira conservadora

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As carteiras conservadoras enfrentam um problema importante este ano: as obrigações não cumprem a sua funação, as ações não cobrem a rentabilidade que as obrigações deixaram de oferecer e, para agravar a situação, a volatilidade nos mercados está a aumentar. Neste cenário, os gestores destes produtos estão a sentir a necessidade de incorporar nas suas carteiras novas ideias, que os ajudem a evitar com sucesso o contexto difícil do mercado atual. A Funds People realizou um inquérito macro entre os responsáveis máximos de 18 gestoras internacionais, que em conjunto representam 60% do património que a indústria estrangeira de gestão de ativos em Portugal reúne. O objetivo da sondagem é conhecer qual é, de todos os fundos que a sua gestora comercializa, o que – na sua opinião – encaixaria melhor numa carteira conservadora. Seguindo uma ordem alfabética, apresentamos-lhe quais são os produtos concretos assinalados pelos responsáveis de cada entidade e os motivos que os levam a recomendá-los:

Marta MarínO fundo que – segundo Marta Marín, diretora geral da Amundi para a Península Ibérica – melhor se encaixaria neste momento numa carteira conservadora é o Amundi Funds II – Absolute Return Multi Strategy. Tal como explica, trata-se de um fundo de retorno absoluto multi estratégia que procura obter rentabilidades estáveis positivas durante todo o ciclo de mercado, melhorando o perfil de rentabilidade/risco de uma carteira equilibrada. “O seu objetivo é ultrapassar o EONIA em + 3,5% a 4,5% anualizado num horizonte de 3 anos com uma volatilidade controlada. Para isso, investe em classes de ativos diferentes, convencionais e não convencionais, seguindo estratégias direcionais e não direcionais. O seu processo de investimento baseia-se em quatro pilares entre os que se distribui o orçamento de risco procurando uma diversificação eficaz. Assim, a estratégia macro reflete a visão do mundo da equipa de gestão, enquanto a estratégia de cobertura pretende proteger a carteira face a riscos derivados de cenários alternativos. As estratégias satélite procuram gerar alfa e valor relativo com pouca correlação entre si e, por último, as estratégias de seleção procuram identificar emissores de dívida pública e privada que possam gerar uma rentabilidade estável que aumente a diversificação. O resultado é uma carteira pouco correlacionada com obrigações e ações que procura beneficiar de diferentes fontes de rentabilidade”, revela.

AitorJaureguiTal como destaca Aitor Jauregui, responsável de negócio da BlackRock para a Península Ibérica, o contexto de instabilidade geopolítica atual provocou um aumento da volatilidade. “A nossa perspetiva continua a ser positiva sobre a robustez do ciclo económico global e acreditamos que este cenário tem ainda caminho. Neste contexto acreditamos que a figura do consultor financeiro é fundamental para enfrentar estes períodos de volatilidade. Consideramos que o nosso BGF Euro Short Duration Bond é uma boa opção para construir uma carteira equilibrada com uma tendência conservadora que minimize estas possíveis quedas. O fundo, gerido por Michael Krautzberger, procura maximizar a rentabilidade todal, investindo, pelo menos, 80% do seu património líquido total em valores negociáveis de obrigações com uma classificação de solvência de categoria de investimento. Pelo menos 70% do património líquido total do fundo investe em valores negociáveis de obrigações, denominados em euros, com vencimento inferior a cinco anos. O vencimento médio não ultrapassa, normalmente, os três anos e a exposição ao risco gere-se de forma flexível”, explica.

Sasha_EversSasha Evers assinala o BNY Mellon Absolute Return Equity, fundo gerido pela Insight, a especialista em gestão de estratégias de rentabilidade absoluta da BNY Mellon IM, situada em Londres e com 678.792 milhões de euros em ativos sob gestão. Este produto investe principalmente em empresas europeias. Tem uma carteira de cerca de 80-120 pares (posições longas e curtas). A exposição líquida do fundo (posições longas menos as curtas) encontra-se tipicamente entre (-10) e +20. Tal como explica o diretor geral da BNY Mellon IM para a Península Ibérica, é um fundo apto para um contexto de subidas de taxas e maior volatilidade devido a quatro motivos. “Primeiro, exibe uma volatilidade baixa (2,23% desde o lançamento do fundo no dia 31 de dezembro de 2011). Segundo: tem uma correlação negativa com as obrigações de crédito e as obrigações governamentais desde o lançamento do fundo (correlação entre o Barclays Global Agg Corp -0,18 e com o JP Morgan Global GBI -0,24). Isto significa que o fundo fornece diversificação. Terceiro: beneficia das subidas de taxas de juro, uma vez que normalmente tem mais de 70% a investir em cash. E, quarto: oferece diversificação para uma carteira, uma vez que não depende dos típicos condutores de rentabilidade tradicionais como a duração, crédito, a direccionalidade dos mercados de ações, etc. O que conduz a rentabilidade no caso do fundo é a capacidade (alfa) da equipa de gestão para selecionar as ações adequada tanto na parte longa como na curta”.

Álvaro Fernández Arrieta_ Mario GonzálezA proposta de Álvaro Fernández Arrieta e Mario González, corresponsáveis do desenvolvimento de negócio da Capital Group para a Península Ibérica, é um fundo misto, o Capital Group Global Allocation. A seu ver, em contextos como o atual, é muito importante contar nas carteiras com fundos conservadores multiativo de gestoras ativas que tenham experiência e track record em proteger em bear markets. “A Capital Group lançou o seu primeiro fundo multiativo em 1973 e gere mais de 350.000 milhões de dólares nesta classe de ativo. O que um consultor precisa nos dias de hoje são fundos consistentes relativamente a resultados e fáceis de entender e explicar aos clientes”, sublinham. Trata-se de um fundo multiativo tradicional, moderado, que investe de forma ativa e flexível em ações, obrigações e liquidez. “A sua consistência nos resultados faz com que seja 5 estrelas Morningstar e ocupe os primeiros quartis de rentabilidade na sua categoria. Igualmente importante é que o fundo é fácil de entender e flexível dentro de alguns limites estabelecidos; investe como mínimo 25% em obrigações (e nunca mais de 5% em high yield) e 45% em ações. A exposição da carteira à bolsa é conservadora, com uma tendência para empresas com compromisso de pagamento de dividendos. A geração de rendimentos faz parte também do objetivo do fundo”, explicam.

Mariano ArenillasNo contexto atual de taxas de juro baixas, é difícil para os gestores conservadores extrair lucros dos fundos tradicionais de obrigações refúgio. Para obter uma rentabilidade positiva, na DWS consideram que atualmente, os mercados de ações têm um potencial maior de rentabilidade/risco do que qualquer outro ativo, devido principalmente às estimativas de lucros positivos que as empresas cotadas estão a proporcionar em 2018. Como o risco de ações é superior ao que os investidores conservadores podem suportar, a proposta da DWS é a favor das carteiras de multiativos flexíveis. A proposta de Mariano Arenillas, responsável da DWS para a Península Ibérica, é o Deutsche Concept Kaldemorgen, “um fundo de multiativos flexível com um objetivo de volatilidade máximo de 10% e uma excelente trajetória durante os últimos 7 anos. Este fundo pode reagir perante os acontecimentos do mercado, uma vez que os seus gestores têm liberdade para investir em ações, obrigações ou divisas, procurando, assim, obter uma carteira diversificada com rendimentos positivos”, indica.

Sebastián VelascoO fundo que Sebastián Velasco assinala é o Fidelity Funds – Global Short Duration Income. Tal como explica o diretor geral da Fidelity para Espanha e Portugal, no contexto atual, a maioria das soluções de investimento que geram rendimentos estáveis e apelativos requerem investir em obrigações high yield ou aumentar a duração. “Esta maior exposição a variações nas taxas de juro nem sempre encaixa com o nível de risco que os investidores mais conservadores querem assumir. O fundo adota uma abordagem defensiva, investindo em obrigações globais com grau de investimento, uma duração máxima de três anos e o objetivo adicional de proporcionar um rendimento de cerca de 1% anual em 2018. Além disso, está desenhado para limitar a possível queda máxima e a volatilidade, mas sem renunciar a uma rentabilidade total positiva ao longo do ciclo completo de mercado. Colocando o limite na duração, em vez da maturidade, aumentamos as fontes de rendimentos e a rentabilidade que podemos oferecer aos investidores, mas sem diminuir o espetro da qualidade”, sublinha.

Ramon_PereiraRamón Pereira, diretor geral da Franklin Templeton, já fala há algum tempo da necessidade de diversificar, especialmente nas carteiras ou em perfis mais conservadores. “As obrigações estão apenas a oferecer-nos rentabilidade, pelo que a necessidade de obter bons resultados empurra os investidores a aumentarem o risco nas obrigações. Europa periférica, high yield, crédito financeiro subordinado foram algumas ideias que mais cresceram em muitas carteiras. Neste contexto, os alternativos, oferecem fontes de rentabilidade que descorrelacionam face às obrigações e às ações. O Franklin K2 Alternatives Strategies Fund oferece uma solução multi estratégia que combina as melhores apostas dentro do universo alternativo. O Franklin K2 Alternative Strategies Fund conta com um objetivo de volatilidade entre os 3% e os 5% e de rentabilidade entre os 3% e os 5%”, expõe.

Lucia_Catalan_017Lucía Catalán acredita que, para uma carteira conservadora, a alocação em ações deverá fazer-se através de um produto com uma abordagem global, com capacidade para ultrapassar o mercado e com um perfil de baixo risco. Por esta razão, a diretora geral da Goldman Sachs AM para a Península Ibérica aposta no GS Global CORE Equity. “Em termos de rentabilidade, destacar que a liquidez de comissões na sua classe institucional conseguiu ultrapassar o MSCI World a 1, 3 e 5 anos. Tem um TER muito baixo, o que aumenta o seu apelo na altura de construir carteiras para o cliente final, o que é muito importante hoje em dia num contexto de MIFID. O fundo tem uma volatilidade abaixo de 3% face ao seu índice, o que é importante para carteiras de perfil conservador. A inovação é o alicerce da nossa filosofia de investimento, através da análise de big data, e do uso das novas tecnologias em inteligência artificial para a identificação e seleção dos valores que fazem parte da carteira final, através de um processo rigoroso de gestão do risco. Destacar finalmente que é uma carteira muito diversificada, com mais de 250 posições, e que o fundo foi reconhecido com o Prémio 2018 para “Melhor Fundo de Ações Globais” pela Morningstar”.

In_igoA opção escolhida por Íñigo Escudero é o Invesco Euro Short Term Bond. Tal como revela o diretor de Vendas e de Serviço ao Cliente da Invesco para a Península Ibérica e América Latina, “trata-se de um fundo que encaixa perfeitamente numa carteira conservadora no contexto atual. A equipa gestora combina posições estruturais a longo prazo com investimentos táticos a curto com uma tendência para uma duração curta. Num contexto de normalização das taxas de juro a mais longo prazo, esta tendência pode proporcionar uma proteção adicional para uma carteira conservadora. Além disso, o fundo procura diversificar noutras classes de ativos, como por exemplo, as obrigações corporativas, uma vez que oferecem um rendimento atrativo em relação às obrigações governamentais. Os gestores também mantêm um nível de liquidez de cerca de 5% para aproveitar as oportunidades que possa gerar situações de stresse do mercado, como aconteceu no passado mês de fevereiro quando a volatilidade do mercado disparou”.

JavierJavier Mallo, responsável da Legg Mason Global AM para Espanha e Portugal, acredita que uma boa opção para os investidores conservadores no contexto atual de mercado são as estratégias alternativas de obrigações, como a que representa o EnTrustPermal Alternative Income Strategy. “Trata-se de um fundo multi gestor que se gere de forma ativa e muito flexível. Com formato UCITS e liquidez diária, integra num único produto os melhores gestores de hedge funds do mercado. O seu objetivo de rentabilidade situa-se entre os 4% e os 6% e o de volatilidade é de 4%. Os gestores são selecionados minuciosamente com um objetivo a longo prazo e o seu peso no fundo varia em função do período do mercado no qual nos encontremos. Atualmente a equipa é constituída por seis gestores especializados em diversas estratégias de crédito (aproximadamente 75% da carteira, incluindo crédito estruturado nos EUA e long/shot europeu, americano e emergente) e estratégias diversificadoras (à volta de 25%) como systematic macro ou event driven”.

ignacio rodriguezA proposta de Ignacio Rodríguez Añino seria o M&G (Lux) Global Target Return, um fundo multiativo de gestão ativa e volatilidade controlada que procura gerar rentabilidades absolutas, particularmente desenhado para investidores conservadores. “Gerido por Tristan Hanson, o fundo segue a filosofia de investimento de finanças comportamentais da equipa de multiativos da M&G Investments, que adquiriu tão bons resultados com outras estratégias. Este produto conta com um objetivo de revalorização do Euribor a três meses +4% anual, antes de comissões, durante um período de três anos e em qualquer condição de mercado. Com uma abordagem de investimento altamente flexível, pode tomar posições líquidas positivas ou negativas em qualquer classe de ativo e em qualquer região. Além disso, carece de uma posição neutral, pelo que apresenta uma correlação muito baixa com qualquer classe de ativo a longo prazo. Trata-se de uma alternativa que permite controlar a volatilidade e evita as perdas a curto prazo”, assinala o responsável da M&G para a Espanha, Portugal e América Latina.

laura donzellaSegundo Laura Donzella, as perturbações de 2018 convenceram muitas pessoas acerca do regresso da volatilidade. Neste contexto, a responsável de vendas da Nordea para a Península Ibérica e América Latina os covered bonds (instrumentos de dívida de alta qualidade emitidos por instituições hipotecárias ou bancos e garantidos por uma carteira de ativos) voltaram a sobressair e a demonstrar uma resiliência particular na Europa. “A Nordea Asset Management conta com uma grande experiência neste ativo e uma equipa de gestores que já trabalham juntos há mais de dez anos. O Nordea 1 – Low Duration European Covered Bond Fund oferece além da capacidade demonstrada de geração de alfa da equipa da Nordea, um risco de taxas de juro baixo (duração aproximada um ano). Encontrar atualmente uma solução atrativa de baixo risco é uma proposta difícil. A Nordea oferece tanto a classe de ativo como o conhecimento: um investimento de elevada qualidade com rendimentos apelativos que apenas um gestor ativo e com experiência pode fornecer à sua carteira”.

gonzalo rengifoSegundo Gonzalo Rengifo, diretor geral da Pictet AM para a Península Ibérica, o contexto de taxas de juro baixas juntamente com uma elevada incerteza apresenta um desafio para os investidores que procurem rentabilidade com um risco moderado. “Um contexto desse tipo destaca o valor de uma abordagem long/short em ações, que pode proporcionar rentabilidades atrativas ajustadas ao risco aos investidores com uma dependência limitada às oscilações direcionais dos mercados globais. É o caso do Pictet Total Return Atlas, um fundo alternativo de ações globais, que se rege pelos fundamentais. Os seus gestores tomam as rédeas das economias e dos mercados globais e investem em empresas atrativas pela valorização, principalmente grandes capitalizações de liquidez ampla, através de posições long/short, com especial consideração para a proteção em relação a quedas em períodos de stresse”, sublinha.

CarlaO produto selecionado por Carla Bergareche que, na opinião da diretora geral da Schroders para Espanha e Portugal, encaixaria melhor numa carteira conservadora é o Schroder ISF Emerging Markets Debt Absolute Return, um fundo de obrigações emergentes long-only com uma abordagem de retorno absoluto baseado na análise em profundidade de cada país. “O fundo, que não tem restrições marcadas por índice de referência, investe em divisas e obrigações locais e externas em mais de 50 países sem usar alavancagem nem derivados complexos. Está gerido de forma ativa e tem como objetivo não perder dinheiro em qualquer período de 12 meses, enquanto procura maximizar a rentabilidade e controlar o risco através de limites de diversificação baseados na liquidez do país, limites de perdas da carteira (stop-loss) e utilização de dinheiro. A sua abordagem flexível é uma das suas principais características e permite-lhe posicionar-se de forma defensiva ou agressiva, em função da sua perspetiva do mercado. Pelos seus fundamentais positivos e dinâmicas favoráveis continuamos a ver potencial de crescimento nos mercados de dívida emergente e pelas suas características poderia ter uma lacuna dentro de uma carteira conservadora”.