Os investidores já sabem quem perde a guerra comercial: venda e compra de emergentes nos EUA

Trump Tower
Brad, Flickr

Há apenas um mês instalou-se o pânico na mente dos investidores, coincidindo isso com os tweets de Trump, nos quais recomeçou uma guerra comercial com a China que estava há meses parada. Este sentimento rapidamente foi transmitido aos mercados que tinham protagonizado um dos melhores arranques de ano e que aproveitaram para realizar mais valias face ao medo de que este novo capítulo da guerra comercial se prolongasse no tempo.

Na indústria dos fundos, isto traduziu-se em reembolsos nos produtos de ações, mas não em todos, já que os investidores foram seletivos na hora de realizar mais valias. Assim, atendendo aos dados de fluxos em ETP (Exchange Traded Products) que a iShares acaba de publicar, os investidores estão cientes de quem são os grandes derrotados da guerra comercial já que desfizeram posições nos mercados emergentes e aumentaram-nas em fundos que replicam o comportamento do mercado americano.

Particularmente os ETF de bolsa emergente registaram os seus primeiros reembolsos mensais desde o mês de agosto de 2018, a registarem fluxos negativos no valor de 300 milhões de dólares. Esses reembolsos foram muito superiores no que toca a obrigações emergentes, já que resgataram um total de 1.300 milhões de dólares deste tipo de produto, a pior quantia desde novembro de 2016, justamente o mês no qual Donald Trump foi eleito presidente dos EUA. Em último caso a maior parte da culpa dos maus resultados dos ETF de obrigações emergentes deve-se às saídas que se produziram em produtos de dívida em moeda local no momento quente da revalorização que o dólar sofreu como moeda refúgio adequada neste último mês.

“A análise dos fluxos em ETPs revela que os investidores diminuíram a sua confiança nos mercados emergentes, tal como reflete o facto de que se registaram as maiores saídas em produtos de ações deste mercado desde agosto de 2018, ou no caso das obrigações, desde novembro de 2016”, refere Aitor Jauregui, responsável da BlackRock para Espanha, Portugal e Andorra.

EUAPelo contrário, os investidores parecem ter aproveitado o retrocesso em ações americanas para aumentar as suas posições nestes ativos já que os produtos que replicam o comportamento de Wall Street receberam subscrições positivas no valor de 1.600 milhões de dólares, o melhor registo mensal desde outubro de 2018. Quanto à reação temida pelos investidores a respeito da bolsa europeia, Jauregui explica que “ainda que os ETP com exposição a ações europeias tenham registado pelo quarto mês consecutivo, saídas líquidas, foi reduzido sensivelmente o volume de reembolsos, depois do último mês ter terminado com saídas líquidas no valor de 900 milhões de dólares, comparando com os 2.800 milhões mensais que saíram durante abril e março, o que refletiria uma certa melhoria a respeito da confiança em ações do velho continente.”

Apesar do resultado das eleições europeias ter revelado um certo aumento dos partidos populistas no Parlamento europeu, esta subida foi inferior à que os mercados esperavam.