Os fundos de obrigações no último ano

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Susanne Nilsson, Flickr, Creative Commons

Com alguns riscos no horizonte, 2017 foi um ano desafiante para os gestores de fundos de obrigações. Num ambiente de baixas taxas, a dificuldade em encontrar oportunidades torna-se num trabalho árduo. Neste contexto, a expectativa relativamente à atuação dos Bancos Centrais era (e continua a ser) grande, embora as entidades monetárias das principais regiões estivessem (e continuem a estar) em momentos diferentes no que toca a políticas monetárias. Por outro lado, as eleições em vários países europeus revelava, à partida, ser uma dor de cabeça para os mercados, embora grande parte dos riscos e receios não se tenham confirmado.

Tendo em conta este panorama, como terá sido o desempenho dos fundos de obrigações do mercado nacional durante o último ano? A lista é longa, pelo que nos focaremos apenas nos cinco produtos que apresentaram melhor rentabilidade no período em questão. Numa primeira análise, verificamos que a lista apresenta uma certa diversidade, contando com produtos focados em segmentos diferentes do mercado de obrigações – obrigações soberanas, flexíveis, de curto-prazo e high yield. Já em termos geográficos, observamos uma maior preponderância do mercado europeu, uma vez que três dos cincos produtos analisados investem neste mercado.

Obrigações soberanas, as grandes vencedoras de 2017

Olhando para o produto mais rentável desta lista, facilmente concluímos que as obrigações soberanas foram o grande destaque de 2017. O NB Obrigações Europa, um fundo que atualmente gere mais de 45 milhões de euros de ativos, foi o único produto que obteve uma rentabilidade superior a 10%. Assim, o fundo que atualmente está a cargo de Vasco Teles obteve uma rentabilidade de 12,16%, apresentando uma carteira composta na totalidade por obrigações soberanas. As cinco maiores posições em carteira são títulos soberanos italianos, holandeses, portugueses e espanhóis, sendo que juntos perfazem mais de metade do total.

O fundo que se segue é também da responsabilidade da GNB Gestão de Ativos, embora gerido por João Zorro. Trata-se do NB Rendimento Plus, que no período em questão apresenta uma rentabilidade de 5,86% e cuja carteira apresenta algumas semelhanças em relação ao produto anterior. De facto, ainda que apresente nas cinco maiores posições títulos soberanos italianos e portugueses, a sua carteira apresenta também exposição a obrigações corporativas, como é o caso do grupo belga KBC.

O Caixagest Oportunidades surge imediatamente a seguir nesta lista, apresentando uma rentabilidade de 5,07%. Este apresenta-se como um fundo de obrigações de curto prazo, sendo que, embora possa investir de uma forma global, a sua carteira apresenta exposição a emitentes nacionais. De facto, olhando para a composição mais recente da carteira vemos que é composta quase na totalidade por obrigações nacionais tanto corporativas (Ren, Brisa ou Galp), como soberanas. Atualmente, o seu património sob gestão é de cerca de 19,90 milhões de euros.

Os dois produtos restantes apresentam universos de investimento bastante diferentes. Assim, o quarto produto que melhor rentabilidade apresenta é o Montepio Taxa Fixa, que alcançou uma rentabilidade de 4,58% no último ano. A sua carteira apresenta maior exposição a dívida pública europeia, ainda que as obrigações corporativas também façam parte da sua carteira, como é o caso da Elepor ou da Infraestruturas de Portugal. O outro produto pertence à BPI Gestão de Activos, chama-se BPI Obrigações Alto Rendimento Alto Risco e obteve uma rentabilidade de 3,68%. Quanto à composição da sua carteira, esta apresenta maioritariamente por obrigações de emitentes com risco de crédito “B”, como a Kendrion, Accentro ou a Selecta Group (as três maiores posições em carteira).

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Fonte: Morningstar Direct, dezembro de 2017

Nota: O gráfico inclui apenas os dez fundos de obrigações mais rentáveis no último ano