Os conselhos da Pioneer para superar os desafios nas obrigações emergentes

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Atzimba, Flickr, Creative Commons

No início do século XX era costume que os mineiros descessem à mina com uma pequeno canário numa gaiola. Não como animal de estimação, mas sim para detetar bolsas de gás, o que permitiria aos trabalhadores escapar em caso de perigo. “Da mesma forma que os mineiros não tiravam os olhos dos canários, muitos investidores procuram sinais que lhes indiquem se é seguro continuar nos mercados ou sair deles”, explicaram os especialistas da equipa de investimento emergentes da Pioneer Investments, composta por Mauro Ratto, diretor de mercados emergentes; Marco Mencini, diretor de ações de mercados emergentes e Yerlan Syzdykov, diretor da área de obrigações high yield e de mercados emergentes. No Outlook para 2015 da entidade, detalham os sinais que o investidor deve ter em conta para continuar a seguir os mercados em vias de desenvolvimento.

Detalham a postura da gestora sobre a obrigações destes países, que vêm a registar bons anos devido à melhoria dos fundamentais e à atratividade dos seus rendimentos quando comparados com outras dívidas de referência. “No entanto, o panorama complica-se com a normalização das taxas de juro nos EUA prevista para 2015 e não descartamos a revisão dos preços desta classe de ativos”, advertem. Também especulam que “provavelmente chegou o momento de deixar de ver o investimento em dívida emergente como uma operação carry, e a nosso ver, a estratégia correta para 2015 exige prestar mais atenção às diferenciação do que ao rendimento”.

O conselho chave da equipa de especialistas é favorecer o investimento em dívida soberana em vez da dívida corporativa, “tendo em vista o deterioramento mais rápido dos fundamentais no sector empresarial”. Observam que a “volatilidade em divisas sobrevendidas fez com que alguma dívida dos mercados emergentes, em moeda local, seja mais atrativa do que antes, embora, dada a probabilidade de que exista volatilidade nas taxas de cambio, acreditamos que os riscos continuam a ser significativos".

Uma vasta gama de riscos

De facto, a partir da entidade advertem que os investidores provavelmente vão ter de enfrentar uma grande variedade de riscos em 2015. Começam com as “preocupações macroeconómicas, por exemplo, os défices em conta corrente e países como a Indonésia, África do Sul ou Brasil, e o deterioramento das relações de intercâmbio de países exportadores dependentes de commodities, como é o caso do Peru, Chile ou Colômbia”. A isto juntam a crescente alavancagem privada em países como a Hungria, Coreia do Sul, Tailândia e China, que podem “colocar interrogações no risco de refinanciamento no âmbito da dívida no sector privado”. Também têm em conta o crescente risco geopolítico, “particularmente em relação à Rússia, onde as perspetivas a longo prazo são cada vez mais preocupantes”. Para terminar, alertam para a possibilidade do risco de contagio “se países como a Venezuela ou a Ucrânia entrassem em falência”.

Contudo, os peritos da Pioneer Investiments acreditam que a ameaça mais subestimada seja a liquidez. “A dívida dos países emergentes sempre foram das menos líquidas dentro das obrigações. Com a liquidez subjacente em queda continuada, como consequência das novas normativas que limitam a capacidade dos bancos de investimento para atuar como criador de mercado, consideramos que há razões de preocupação em relação à capacidade dos mercados emergentes para absorver um subida mudança de direção nos fluxos abundantes dos últimos anos”.

Que decisões se tomaram em consequência? Os três especialista mencionam de forma breve e simples a sua estratégia para gerar alfa: “Adoptar uma postura mais defensiva e prestar uma maior atenção à qualidade creditícia do que aquele que foi necessária no passado mais recente”.