Optimize IP: "No rescaldo do excelente rally do primeiro semestre do ano, é imperativo adotar uma abordagem prudente e ao mesmo tempo ativa"

Vítor Duarte
Carlos Pinto. Créditos: Vítor Duarte

A tão aguardada recuperação dos mercados financeiros iniciou-se em força, logo no início de janeiro, impulsionado pelo recuo dos bancos centrais, nomeadamente quanto à reversão das políticas monetárias expansionistas e pela melhoria nas negociações comerciais entre a China e os EUA.

O aumento de tarifas introduzidas pelas duas potências ao longo do último ano, levaram ao deterioramento de vários indicadores macroeconómicos e empresariais, conduzindo várias empresas expostas ao comércio internacional a suspenderem os seus planos de expansão, tendo como consequência, revisões em baixa no crescimento das suas vendas.

Por conseguinte, os bancos centrais foram obrigados a reverter os seus planos do início do ano. No caso da FED, começou por fazer uma pausa no ciclo de subidas da taxa de juro diretora iniciada há mais de 3 anos, terminando o semestre com a retórica contrária, a de fazerem o necessário para colocar a inflação nos níveis pretendidos. Por seu lado o BCE, que não possui o mesmo “armamento”, continua a prolongar o atual ciclo expansionista.

Paralelamente, as conversas entre as administrações de Trump e de Xi Jinping tiveram muitos avanços e recuos ao longo do semestre, estando neste momento mais apaziguadas. No último fórum do G20, ambos assumiram uma postura mais consensual. Por um lado, D. Trump comprometeu-se a levantar as sanções impostas à Huawei, com a contrapartida de a China comprar mais produtos agrícolas aos EUA.

Assim sendo, um previsível acordo entre as 2 potências promete inverter os efeitos negativos das várias ondas de incerteza que tanto assolaram os mercados financeiros ao longo dos últimos tempos.

No próximo semestre, os Bancos Centrais deverão colocar em prática as últimas indicações, com 80% dos analistas a projetarem até 3 cortes da taxa de juro diretora até ao final do ano por parte da FED, visando colocar a inflação nos níveis pretendidos. O BCE, sem a mesma capacidade da FED, deverá retomar o plano de compras de ativos e ainda cortar a taxa de juro de depósito. Esta política mais expansionista deverá continuar a animar a performance da generalidade dos ativos financeiros principalmente aos mais expostos às várias regiões e indústrias com financiamentos em dólares.

Os EUA, ao apresentarem um endividamento que representa 108% do PIB, com taxas de crescimento a não superarem os 2.3%, tem levado a administração Trump, a exercer uma forte pressão sobre a reserva federal para reduzir a taxa de juro, atualmente no intervalo 2.25%-2.5%, de modo aliviar o custo do seu financiamento de forma apresentar crescimento real na sua economia. Para além disso, a FED, não abdica do seu compromisso em colocar a inflação nos 2%, que segundo as últimas projeções, deverá situar-se nos 1.5% no final deste ano. Deste modo, estão preparados para fazer os cortes necessários na taxa de juro diretora, sendo esperados 3 cortes até ao final do ano.

Na Europa, as taxas ultrabaixas deverão permanecer nos próximos anos. Após sucessivos adiamentos de reversão das políticas expansionistas, a retórica vai para o reforço dessas medidas, ainda mais pela recente nomeação de Christine Lagarde para suceder a M. Draghi na presidência do BCE. O seu perfil é visto com uma defensora das atuais políticas de estímulos monetários, contrariamente ao que seria expectável com outros nomes mais austeros à atual política expansionista.

Os mercados emergentes deverão beneficiar do atual posicionamento dovish da FED, permitindo aliviar o custo dos seus endividamentos e ao mesmo tempo do ligeiro enfraquecimento do dólar. Prosseguimos muito confiantes no potencial deste mercado, principalmente na Ásia, com as empresas a apresentarem valorizações bem mais atrativas quando comparadas com as cotadas nos mercados mais desenvolvidos, e com bons indicadores de crescimento.

Mais especificamente, privilegiamos países de elevado crescimento, demografias jovens e qualificadas, com baixo risco político e necessidades de investimentos em infraestruturas.

No mercado acionista encontramos algumas oportunidades, particularmente nas empresas tecnológicas e de consumo, empresas que deverão beneficiar do baixo custo do financiamento, aumento da injeção de liquidez na economia e empresas com crescimento mais projetável no longo prazo. Empresas mais expostas ao comércio internacional devem ser monitorizadas e seguidas ativamente ao ritmo do aumento e redução do escalar dos acordos comerciais.

O mercado obrigacionista deverá beneficiar da atual tendência de descida das taxas de juros, promovida pelos bancos centrais em reação à deterioração dos dados económicos. Portanto, quanto piores forem os dados, maiores prometem ser os estímulos a serem promovidos na economia por parte dos bancos centrais, leiam-se cortes de taxas de juro, compras de ativos, entre outros. Deste modo, acreditamos que o custo de financiamento vai continuar a descer na generalidade desta classe de ativo. Mais especificamente, o nosso posicionamento já assumido anteriormente, mantêm-se direcionado num estreitamento de spreads entre as Treasury e as Bunds. Além disto, a dívida emergente em moeda local deverá beneficiar do atual posicionamento dovish por parte da FED.

No rescaldo do excelente rally do primeiro semestre do ano, é imperativo adotar uma abordagem prudente e ao mesmo tempo ativa de modo a estarem identificadas as alocações de investimento otimizadas para aproveitar os melhores momentos de entrada. Portanto, como sempre, estamos atentos às empresas que apresentam os melhores e mais expectáveis guidances de crescimento, sempre com uma abordagem de longo prazo, entenda-se 5 a 10 anos e não trimestre a trimestre. De facto, é fundamental respeitar o horizonte temporal idealizado para que várias ideias de investimento atinjam o seu valor, permitindo ultrapassar as várias intempéries que vão atormentando todos os ciclos de investimento.

Optimize Investimento Activo, pela sua agilidade e flexibilidade em adaptar o seu posicionamento aos desafios e oportunidades impostas pela conjuntura económica, sem descurar a prudência e uma diversificação abrangente na composição dos seus ativos, promete dar continuidade ao seu excelente comportamento desde a sua constituição.