Oportunismo ou cautela? Postura a adotar no mercado americano após a correção

47a664bdda4868b3
-

A bolsa americana é a única de entre os grandes índices que permanece positiva este ano, mas não se livrou da correção das últimas semanas. Após as eleições intermédias, o partido republicano de Donald Trump perdeu força no Congresso e o país continua a discutir com a China em termos comerciais. Neste contexto, que perspetivas o investidor tem? Dois gestores da Amundi respondem.

O estado da economia americana após quase uma década de forte recuperação é preocupante, mas será que há o risco de uma recessão? Por agora, não é algo que Andrew Acheson, diretor da equipa de gestão de ações US Growth da Amundi Pioneer Asset Management considere. Aquilo que se verifica é uma desaceleração em 2019. “O risco real agora é um agravamento da guerra comercial ou um erro da Reserva Federal que leve a uma inversão da curva”, comenta. Se essa inversão receada chegasse, o gestor iria optar pela cautela. “Estaríamos a 12 meses de uma recessão”. Bradley Komenda, diretor adjunto de gestão de investment grade da gestora, opina numa linha semelhante: “Se as tensões comerciais se acalmarem, seremos capazes de enfrentar o temporal sem uma recessão”.

Ora, uma coisa é o estado da economia e outra o do mercado. Embora ambos se mostrem positivos no médio prazo, a recente queda dos mercados não fez com que houvesse um apetite voraz pelo risco. “A forma mais segura de perder dinheiro é pagar em excesso por um ativo”, explica Acheson. Fala mais especificamente dos valores growth, os meninos bonitos do mercado este ano. Ter em carteira as FANNG foi decisivo na primeira metade do ano, mas agora estão no epicentro das quedas. “É doloroso não ter em carteira os valores que mais sobem quanto toda a gente está a entrar em massa”, reconhece Acheson, mas é chave quando a maré muda.

E iria continuar a estar cauteloso nestes valores americanos “ultra-growth”. Não vê valorizações como nos anos da bolha "dotcom", mas classifica-las-ia de “um ponto crítico”. Também se mostra reticente com o outro lado da balança, com o value profundo. Essas ações profundamente cíclicas, de setores como o energético, industrial ou a banca, também estão a sofrer atualmente.

Nas obrigações, Komenda também não está a encontrar preços de knockdown, inclusive após a correção no crédito. Afirma que na carteira do Amundi Funds II – Pioneer US Dollar Aggregate apenas fizeram mudanças nestas semanas. “A única área onde vemos valorizações atrativas é na de empresas de midstream e de gás natural após a grande deslocalização de preço que sofreram”, explica.