Obrigações: estes são os fundos nos quais as gestoras apostam para gerar retornos positivos em 2019

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Iceman Forever, Flickr, Creative Commons

Estratégias globais e flexíveis. Essa é a recomendação maioritária das gestoras internacionais para investir em obrigações com sucesso em 2019. Esta é uma das conclusões mais importantes que se depreende da sondagem que a Funds People realiza anualmente entre os responsáveis de 15 empresas estrangeiras com escritório de representação na Península Ibérica, cujos resultados revelam que os fundos flexíveis de obrigações globais são a grande aposta destes profissionais para o próximo ano.

Entre os que selecionam estes produtos, a perspetiva é praticamente unânime: no contexto atual de mudança de ciclo de obrigações, o mais prudente é deixar nas mãos de um gestor habilidoso que não se veja condicionado por restrições de nenhum tipo para se poder mover pelos vários mercados de obrigações e capturar as oportunidades onde se encontrem para poder obter rentabilidades positivas. É importante analisar com atenção as propostas que os vários responsáveis das entidades colocam em cima da mesa, uma vez que cada uma apresenta particularidades e traços característicos próprios que obriga o cliente a parar para estudar qual é a solução que melhor se adapta às suas necessidades.

Além das estratégias globais encontramos ainda sugestões referentes a obrigações de curta duração. A este nível o investidor também deve fazer uma análise detalhada dos produtos destacados, uma vez que as filosofias dos produtos são muito diferentes: há os que investem em crédito, outros unicamente focam o seu universo de investimento no high yield, também há com uma filosofia de geração de rendimentos… Além destes produtos podemos ainda encontrar os de obrigações emergentes. 

O terreno que os fundos de obrigações globais e de dívida emergentes perderam este ano, outra série de estratégias ganhou, estratégias menos convencionais mas que se tornaram na grande aposta dos responsáveis das gestoras internacionais na Península Ibérica para enfrentar um contexto de mercado difícil no campo das obrigações. 

Nesta sondagem consultam-se sempre os responsáveis das mesmas entidades com o objetivo de conhecer qual é o tipo de produtos recomendados e como vão variar as suas preferências ano após ano. 

Por ordem alfabética, apresentamos-lhe quais são os fundos concretos escolhidos pelos responsáveis máximos das gestoras internacionais como principal recomendação de investimento para o próximo ano e os motivos que os levaram a escolher essa estratégia, contados por eles mesmos:

Allianz_GI_Romualdo_Trancho_Bay_n_031O Business Development da Allianz Global Investors para Portugal, Romualdo Trancho, considera o Allianz Global Floating Rate Notes Plus (FRN) a escolha principal para o próximo ano. Segundo Romualdo Trancho, “este fundo vai ao encontro de uma grande tendência de mercados europeus para os próximos anos: aumento de taxas de juro iminente”. Os Global FRN são títulos cujos cupões estão relacionados com as taxas de juro, pelo que se ajustam em função do aumento das mesmas. Dado o fim iminente do programa de compras de obrigações do BCE e o aumento esperado das taxas de juro em 2019 a combinação de retornos previstos atrativos e baixa a volatilidade fazem com que este fundo seja uma alternativa interessante para investidores que procuram rendimentos mais elevados do que o mercado monetário. Enfatizamos também o facto da utilização da gestão ativa no universo de Obrigações de Taxa Variável originar retornos atrativos, tanto em contextos de baixas taxas de juro como quando começam a aumentar.

 

 

 

 

Marta MarínO produto selecionado por Marta Marín, diretora geral da Amundi para a Península Ibérica, é o Amundi Funds II – Pioneer Dollar US Aggregate Bond, uma estratégia de obrigações core oportunística que investe numa vasta gama de setores de obrigações globais com o objetivo de alcançar rendimentos competitivos em relação a uma carteira tradicional de obrigações core americanas de maior qualidade, mas sem uma volatilidade adicional excessiva. “Tem uma abordagem de retorno total, gerindo a volatilidade e risco de queda. Combina uma abordagem top-down para uma alocação ativa entre vários setores investment grade americano (sobrepodnerando estrategicamente aqueles onde identificam um valor relativo superior) e investimentos limitados em high yield americano; com uma abordagem bottom-up baseada numa análise rigorosa para a seleção de emissões, tomando partido das grandes capacidades em obrigações globais da Amundi. O resultado é uma carteira bem diversificada com um perfil de risco/rentabilidade atrativo que pode beneficiar de fontes de alfa menos correlacionadas e que, também, conta com 5 estrelas Morningstar”, destaca Marín.

 

 

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De toda a gama de produto que a AXA Investment Managers comercializa em obrigações, o produto selecionado por Beatriz Barros de Lis para investir em 2019 é o AXA WF Global Strategic Bonds, fundo de obrigações flexíveis que reúne as melhores ideias das várias equipas de gestão de obrigações da gestora. “A duração do fundo pode variar entre os zero e os oito anos. A gestão da duração é muito ativa. A carteira inclui obrigações de governos, obrigações relacionadas com a inflação, crédito com grau de investimento, high yield e obrigações emergentes. A volatilidade histórica que o fundo mostrou está abaixo dos 3% e o seu gestor não aposta em divisa”, explica a diretora geral da AXA IM para Portugal e Espanha.

 

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De toda a gama de fundos que a BlackRock apresenta (tanto em gestão ativa como passiva), o produto selecionado por Aitor Jauregui como uma mais-valia para 2019 é o BSF Fixed Income Strategies Fund. Dada a incerteza que o responsável da BlackRock para Portugal, Espanha e Andorra observa nos mercados de obrigações globais, recomenda uma abordagem flexível na altura de investir. “O BSF Fixed Income Strategies Fund é um fundo de obrigações multi setorial com uma tendência europeia, mas com capacidade de captar oportunidades em qualquer região graças às estratégias de valor relativo. É gerido por Michael Krautzberger e pela equipa de obrigações europeia da BlackRock”, destaca sobre este produto.

 

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O fundo escolhido por Sasha Evers, diretor geral da BNY Mellon IM para a Península Ibérica e América Latina, é o BNY Mellon Global Short-Dated High Yield Bond, produto que a Insight gere, filial da BNY Mellon, especialista em obrigações e retorno absoluta. “Tem uma rentabilidade anualizada de 200 pontos base superior ao Libor USD a três meses durante períodos móveis de três anos. A sua duração típica é aproximadamente de um ano. A estratégia não registou rentabilidades anuais negativas desde o seu lançamento em 2009 (Bruto de  comissões). Tem um informatio ratio elevado (de 2,93 desde o seu lançamento até ao dia 30/09/2018) e uma volatilidade anualizada baixa (de 1,68% durante três anos até ao dia 30/09/2018). A alocação neste fundo é ativa, com um enfoque global sem restrições por setores e regiões, abordagem que oferece um universo mais amplo de oportunidades”, afirma Evers.

Garcia_Ruben_HRRubén García, recomenda o Threadneedle (Lux) European Strategic Bond Fund. Segundo o diretor da Columbia Threadneedle “a filosofia da equipa de gestão foca-se em adaptar o posicionamento do fundo em função das condições inconstantes do mercado e dos ciclos do mercado, ao mesmo tempo que gera receitas consistentes”. O fundo tem uma abordagem principal nos seus investimentos na Europa, com flexibilidade adicional para investir em oportunidades a nível mundial, procurando captar as oportunidades que proporcionam os melhores rendimentos ajustados ao risco.

Captura_de_pantalla_2016-12-12_a_las_21Para Mariano Arenillas, responsável da DWS para Iberia, em 2019 pode esperar-se "que as taxas nos EUA continuem a aumentar em 2019, com pelo menos duas subidas adicionais de 0,25%, assim como que se inicie a escalada por parte do Banco Central até aos 0,25% no final do ano. Perante este contexto acreditamos que um posicionamento em obrigações indexadas seja o mais interessante visto que este tipo de ativo é adequado em contextos de possíveis subidas de taxas. O fundo Deutsche Floating Rate Notes seria a alternativa para expressar a nossa visão para as obrigações em 2019.

Sebastián Velasco

A grande aposta de Sebastián Velasco é o FF – Global Short Duration Income Fund, produto que investe tanto em high yield como em investment grade corporativo a nível mundial mas mantendo uma classificação média na carteira de investment grade com uma duração máxima de três anos. Segundo detalha o diretor geral da Fidelity para Portugal e Espanha, “o objetivo da sua estratégia sem restrições e focada nos rendimentos para 2019 é capturar uma rentabilidade de qualidade de forma eficiente do ponto de vista do risco, mais do que simplesmente obter rentabilidade a qualquer preço. O gestor mantém uma perspetiva positiva sobre os ativos de maior spread pela manutenção prevista de subida de taxas de Fed juntamente com uma política monetária mais tradicional por parte do BCE, sem esquecer a libertação de pressões de liquidez no sistema financeiro chinês. As esperadas turbulências dos mercados irão oferecer também oportunidades táticas a curto prazo pela compressão temporal de alguns spreads”, afirma Velasco.

 

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O fundo escolhido por Javier Villegas, diretor geral da Franklin Templeton Investments para a Península Ibérica, é o Templeton Global Bond. “É uma das melhores opções em obrigações face ao próximo ano. Num contexto deflacionista vindo de rentabilidades zero (e até negativas) o grande inimigo das obrigações é a duração. Duração zero é o nosso objetivo no Templeton Global Bond neste contexto. Mantendo uma elevada rentabilidade na maturidade (9,51%) com uma qualidade média em carteira de BBB+. O fundo tem uma tendência emergente em divisas, as quais dispõe de anos complicados oferecem muito valor sendo seletivos em países com grandes taxas de crescimento (México, Brasil, Argentina). Se acreditar num contexto de crescimento global, um contexto deflacionista e onde iremos começar pouco a pouco a afastarmo-nos das taxas a 0%, o Templeton Global Bond será uma grande opção para um investidor em obrigações”, afirma o responsáve

javier

A grande aposta de Javier Dorado em obrigações para 2019 é o JPMorgan Investment Funds – Income Opportunity, um fundo de obrigações flexíveis que o diretor geral da J.P. Morgan AM para Portugal e Espanha define como “tudo em um”. “Graças à flexibilidade com que a equipa gestora conta, pode aproveitar as oportunidades que possam surgir nos vários setores de mercado monetário, dívida soberana de mercados desenvolvidos ou emergentes, crédito, securitizações… É um fundo que pode tomar posições longas e curtas, podendo cobrir os riscos não desejados e também beneficiar do mau comportamento hipotético de um determinado setor. Este fundo constitui um elemento diversificador nas carteiras de investimento pela sua baixa correlação com os fundos de obrigações tradicionais, pelo que é adequado para praticamente qualquer tipo de investidor”, explica Dorado.

Javier

A aposta face a 2019 dentro da categoria de obrigações de Javier Mallo volta a ser o Legg Mason Western Asset Macro Opportunities Bond, um fundo de obrigações flexíveis global que investe de forma significativa e com muito poucas restrições. Segundo explica o responsável da Legg Mason Global AM para Portugal e Espanha, “este fundo long-short, que acaba de cumprir o seu quinto aniversário, é gerido por Ken Leech e Prashant Chandram (40 e 20 anos de experiência, respetivamente). A sua flexibilidade e diversificação fazem com que os seus gestores possam combinar estratégias diferentes, assim como uma gestão tática da volatilidade e a duração – entre menos cinco e dez anos. Isto permite-lhes adaptarem-se a qualquer contexto macro e a qualquer cenário de taxas ao qual tenhamos de enfrentar durante os próximos meses”.

 

ignacio rodriguez

O fundo de obrigações identificado por Ignacio Rodríguez Añino é o M&G Optimal Optimal Income. Segundo o responsável da M&G para Portugal, Espanha e América Latina, “os investidores podem continuar a obter valor em obrigações através de produtos geridos de forma ativa e altamente flexíveis, ou seja, que invistam num vasto universo de classes de ativos sem restrições. Da mesma forma, estamos convencidos de que nos contextos de maior volatilidade como os que poderemos ver nos próximos meses, a experiência e a capacidade da equipa gestora para investir de forma seletiva e contribuir com esse valor para um investidor mais conservador é fundamental. É o caso deste fundo, cuja equipa gestora, liderada por Richard Woolnough, demonstrou a capacidade para continuar a obter rentabilidade e proteger o capital em contextos tão críticos como a crise financeira global ou durante o ano fiscal de 2016 no qual os mercados registaram grandes níveis de volatilidade”.

 

Nordea

Da gama de fundos de obrigações que a Nordea AM comercializa na Península Ibérica, a grande aposta de Laura Donzella para investir no próximo ano é o Nordea 1 – European Covered Bonds. Tal como assinala a diretora de vendas da empresa nórdica para a Península Ibérica e América Latina, “os níveis de rentabilidade extremamente baixos que as obrigações oferecem hoje em dia juntamente com os crescentes sinais de aumento da inflação fizeram com que muitos ativos considerados anteriormente seguros tenham deixado de o ser. Dado este cenário, a Nordea Asset Management oferece, através do Nordea 1 – European Covered Bond Fund, uma solução para aqueles investidores que procuram segurança. O fundo investe em covered bonds europeus, obrigações emitidas por bancos ou entidades hipotecárias que se caracterizam pela dupla proteção que oferecem aos seus investidores, ao estarem apoiados não só pelo conjunto de ativos do emissor, como também pelo conjunto de ativos de garantia da própria obrigação. Além disso, estes instrumentos de dívida estão isentos do mecanismo de recapitalização interna da UE”.

Carla

Neste contexto de subidas de taxas e diminuição das expectativas de crescimento a nível global, Carla Bergareche considera que os melhores rendimentos serão encontrados na dívida de mercados emergentes. “Apesar do seu atrativo, estamos conscientes do elevado grau de volatilidade destes mercados, pelo que na Schroders abordamos esta classe de ativos a partir de um enfoque conservador através de uma estratégia de retorno absoluto, onde contamos com três fontes de rentabilidade: dívida em divisa local, dívida em dólares e divisas, cujas ponderações vamos mudando em função de onde vemos oportunidades ou ameaças”, afirma a diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha. O fundo escolhido por Bergareche como primeira opção para investir em 2019 é o Schroder ISF Emerging Markets Debt Absolute Return, produto que é gerido com o objetivo de não perder dinheiro em períodos consecutivos de 12 meses.

Diogo gomes

A grande aposta de Diogo Gomes da UBS Asset Management para investir em obrigações no próximo ano é o UBS Global Dynamic. Segundo o vendas responsável pelo mercado nacional, “este fundo procura, a nível mundial, ideias de investimento de alta convicção em obrigações governamentais, obrigações corporativas, dívida de mercado emergentes e divisas”. Embora seja “unconstrained”, Diogo Gomes considera ainda que “a estratégia tem uma abordagem equilibrada, que realça uma diversificação global e pretende ativamente evitar qualquer tendência setorial”. O fundo é pensado para ter uma mistura entre posições táticas e estratégicas características essas que deverão assegurar a independência de uma fonte específica de retornos. A equipa de gestão de carteira procura manter um portefólio de elevada qualidade, com um rating médio investment grade, ao mesmo tempo que dá prioridade à manutenção de liquidez.