O whisky e a sua vertente económica

O whisky representa 14% das vendas anuais mundiais de spirits (whisky, vodca, rum, cognac, etc.) por volume, correspondendo, no entanto, a 25% das vendas mundiais em termos de valor. Se olharmos somente para o Scotch Whisky, essa tendência é ainda maior: 4% das vendas por volume, representando 13% das vendas por valor. É notória a percepção de valor por parte dos consumidores, em relação ao Scotch Whisky. As vendas de Scotch Whisky (em valor) têm aumentado significativamente nos últimos 5 anos, muito por culpa dos mercados emergentes. Só o Cognac tem acompanhado este crescimento devido ao mercado chinês.

Se aplicarmos a mesma análise às categorias de Scotch Whisky, não surpreende que a categoria com maior valor seja a categoria de single malt. Para um volume de 8% das vendas, o whisky single malt representa  18% do valor, enquanto o blended whisky é responsável por 72% do volume e 75% do valor. O restante do volume e do valor é composto por blended malts e whisky cuja produção não é engarrafada, mas sim utilizada para misturas de whisky noutras zonas do mundo (maioritariamente na India).

Ao contrário do Cognac, cujas vendas estão concentradas nos EUA e na China, o Scotch Whisky tem uma presença mais global. A Europa representa a maior região com 44% do volume e 38% do valor, seguida da Ásia (16% do volume e 21% do valor) e da América Latina com 15% do volume e 19% do valor. Ou seja, bebe-se whisky de melhor qualidade no mundo emergente (especialmente na Ásia) do que na Europa. Os “culpados” são os franceses e os espanhóis. O mercado francês é o maior mercado único de Scotch Whisky. Em média, cada francês bebe 3 garrafas de whisky por ano, mas o mercado é dominado por marcas baratas como o Label 5 (não percebem nada disto, portanto).

A indústria de Scotch divide-se em 4 sub-grupos: barato (fraco, digo eu), standard, premium e super premium. No grupo barato inserem-se marcas como Vat 69, White Horse e William Peel (nem para cozinhar servem) com preço médio de €7,50 (28% do volume e 16% do valor do mercado mundial). Já o sub-grupo standard conta com nomes como Johnnie Walker Red Label, J&B e Ballantine’s e com um preço médio de €11 (45% do volume e 39% do valor). Os whiskys premium vendem-se a um preço médio de €20 e contam com nomes como Johnnie Walker Black Label e Chivas Regal (23% do volume e 34% do valor). Por último, os super premium englobam os blends topo de gama (Johnnie Walker Blue Label e Royal Salute) e os single malts (4% do volume e 12% do valor).

O grande crescimento de vendas em volume tem-se verificado no sub-grupo super premium, por causa do maior poder de compra que os mercados emergentes têm vindo a adquirir. Esta tendência tem colocado pressão nos stocks de whisky com maior tempo de maturação. A industria tem respondido a esta tendência aumentado a produção e a capacidade de destilação, reduzindo ao mesmo tempo o volume de whisky de pior qualidade. Talvez por isso, os franceses tem vindo a consumir cada vez mais Bourbon e menos Scotch. Isto são boas notícias, porque mais fica para nós!