O velho continente: agravam-se preocupações?

"A economia Alemã já não funciona sem problemas" afirmou o IFO em comunicado. Com crescimento moderado do consumo privado, o PMI dá sinais de desaceleração da actividade industrial e o relatório IFO demonstra uma deterioração da confiança dos empresários alemães em todos os sectores da economia.  ​Chega assim a terreno perigoso a maior economia da Europa, com dados macro robustos mas com o mercado pessimista em relação ao futuro, começando a duvidar da robustez da sua economia, que não contribui para o crescimento da Zona Euro e que gera, através das políticas impostas por Merkel aos seus aliados europeus, grande instabilidade económica nos restantes países.

Com a Europa a registar um crescimento nulo ou perto disso e a economia chinesa a abrandar claramente, a máquina exportadora alemã parece estar a perder gás. Se em 2007 detinha 9.1% das exportações globais, em 2013 esse número situou-se nos 8% e pode, ainda, descer um pouco mais.

O modelo económico alemão parece, então, estar a ser colocado em causa, com cada vez mais vozes a juntar-se numa tentativa de aumentar a produtividade (e não a competitividade) e a pressionar o governo para tirar vantagem das taxas de juro perto do zero para impulsionar a criação de novos negócios e assim atrair investimento.

Com a Europa envolvida num cenário de crescimento quase nulo, desemprego alto e aumento da carga fiscal e de dívida é utópico pensar que esta situação se poderá manter para sempre.

A cotação do euro face ao dólar reflecte o estado de ambos os blocos, com o euro a perder nos últimos dias terreno face ao dólar e chegando, esta quinta-feira, a estar próximo dos 1.27. O mercado está claramente comprador de dólares e vendedor de euros. A economia americana tem igualmente graves problemas mas é bastante maior que outras economias no mundo e tem uma maior capacidade de reacção.

Corremos agora o risco de o "voo para a qualidade" a que estamos a assistir em relação ao dólar americano ter repercussões no preço das matérias-primas. Com o dólar mais forte é mais caro comprar matérias-primas cotadas em dólares noutros países que não os Estados Unidos e por isso de modo a equilibrar a relação oferta/procura o preço das mesmas deverá baixar, o que deverá ser acompanhado pelo aumento da volatilidade dos preços.

(Imagem: theseoduke, Flickr, Creative Commons)